Jean-Christophe Péraud, o “velhote” do BTT
Não pense que foi por andar distraído que não reparou no corredor da AG2R. A realidade é que Péraud foi muitas coisas antes de ser ciclista de estrada. Foi, sobretudo, engenheiro de energia e do ambiente na Areva, empresa líder mundial na energia nuclear. E, nos tempos livres, vice-campeão olímpico de BTT em Pequim 2008.
Era na montanha que o francês, nascido em Toulouse a 22 de Maio de 1977, melhor se sentia, mas seria o contra-relógio a abrir-lhe as portas de uma carreira profissional. Em 2009, ainda como amador, surpreendeu ao sagrar-se campeão nacional da especialidade. O título valeu-lhe a convocatória para os Mundiais, o 11.º lugar um contrato com a OmegaPharma-Lotto. Aos 32 anos, chegou finalmente ao pelotão internacional. Desde então, sem fazer ruído, foi consolidando uma carreira que, apesar de não apresentar grandes resultados, lhe permitiu ir aumentando, progressivamente, a resistência aos dias de competição.
Há um ano, deu os primeiros indícios do que estava para vir. "JC" ou "Jicé", como é conhecido, chegou à 16.ª etapa como o francês mais forte. Era nono e, pela frente, havia muita montanha por subir. Mas, enquanto fazia o reconhecimento do contra-relógio entre Embrum e Chorges, caiu. “Amolgado”, deixou o orgulho falar mais alto e fez-se à estrada. Nova queda, fractura de clavícula, adeus ao Tour. O azar não o desanimou.
Paciente, humilde e batalhador (e taciturno e maldisposto), deixou que todos falassem da renovação do ciclismo francês, porque, melhor do que ninguém, sabia que tinha menos glamour que os seus jovens compatriotas. Com pezinhos de lã, superou os novatos Thibaut Pinot e Romain Bardet e neste domingo fez a festa do segundo lugar em Paris.