Ainda não há conclusões sobre quem disparou contra a escola da ONU em Gaza

Palestinianos acusam o Exército israelita. Militares do Estado hebraico dizem que não sabem ainda se os projécteis foram disparados pelas suas forças ou por combatentes do Hamas.

Foto
Palestinianos que escaparam da escola num hospital em Gaza Finbarr O'Reilly/Reuters

A primeira reacção dos palestinianos, e até da agência da ONU de apoio aos refugiados (UNRWA) que gere a escola, foi culpar Israel pelo ataque de quinta-feira. O Estado hebraico atingiu, durante esta ofensiva, três escolas (ataques sem vítimas), avisou várias vezes para o facto de o Hamas usar civis como escudos humanos, e na véspera a ONU disse que encontrou rockets escondidos em duas das escolas da UNRWA.

Israel diz, pelo seu lado, que não sabe ainda se o ataque foi provocado pelas suas armas ou pelas do Hamas. A escola estava num bairro onde decorriam fortes combates, e o Exército israelita disse que respondeu a disparos de combatentes do Hamas vindos de perto do local.

Os projécteis usados parecem ter sido morteiros, que são usados quer por Israel, quer pelo Hamas, disse um porta-voz militar, Peter Lerner, admitindo que “há uma hipótese” de terem sido as suas armas a atingir a escola.

Mas também, dizem os militares, poderiam ter sido disparados pelo Hamas, que podia ter errado o alvo. Israel já anunciou uma investigação ao incidente de quinta-feira, em que morreram 15 pessoas, sobretudo mulheres, crianças e também funcionários da ONU, disse o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon. Houve ainda 200 feridos, e muitos deles perderam membros.

Quinta-feira foi um dos dias mais violentos em Gaza, quando morreram mais de 100 pessoas, e o caso da escola foi particularmente desesperante: a ONU tentou em vão durante um dia inteiro negociar a abertura de um corredor para levar os refugiados daquele centro para um mais seguro. Muitas das pessoas, na maioria mulheres e crianças, foram atingidas quando esperavam por um autocarro para mudar de refúgio.

Quanto o ataque acabou, muitos jornalistas não conseguiram chegar ao local, porque continuava a haver combates e bombardeamentos muito perto. Um jornalista da Reuters descreveu um local vazio, com poças de sangue no chão, nas paredes, nas pequenas secretárias. Ovelhas corriam pelo local, ainda havia sapatos e pedaços de roupa rasgados para fazer curativos pelo chão.

Israel afirma ter dado um período de várias horas para que os ocupantes do edifício saíssem, e que foi o Hamas que não permitiu a retirada dos civis, a UNRWA nega ter recebido qualquer aviso de ataque ou pedido de evacuação do local por parte dos militares israelitas. Mais, o chefe da agência, Pierre Krahenbuhl, diz até ter enviado 12 vezes as coordenadas GPS da escola ao Exército de Israel.

A União Europeia pediu que fossem estabelecidos corredores humanitários para permitir aos civis fugir dos combates e pediu um “inquérito imediato e completo” sobre o que aconteceu na escola da UNRWA. 

Sugerir correcção
Comentar