Reitores querem ajudar a corrigir a avaliação dos centros de ciência

CRUP está preocupado com resultados e pede reunião com Miguel Seabra. Conselhos científicos da FCT também apontam inconsistências ao processo.

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António Rendas, presidente do CRUP: “A avaliação ainda pode ser corrigida” ENRIC VIVES-RUBIO

Num memorando divulgado esta segunda-feira, o CRUP demonstra “grande preocupação” com a forma como o processo tem vindo a desenrolar-se e diz esperar que seja concluído “de forma credível e robusta”, num quadro de “independência, de garantia de qualidade e de transparência”. O CRUP defende a introdução de duas alterações no processo de avaliação, permitindo a passagem à segunda fase das unidades de investigação que tenham sido classificadas com Excelente ou Muito Bom na última avaliação da FCT, em 2007, bem como dos laboratórios que, na primeira fase da avaliação em curso tenham tido uma classificação de, pelo menos, 14. “A avaliação ainda pode ser corrigida”, afirma ao PÚBLICO o presidente do CRUP, António Rendas.

Os reitores mostram-se também disponíveis para se reunirem com o presidente da FCT, analisando o impacto dos resultados da primeira fase da avaliação – que apenas apurou 168 das 322 unidades de investigação concorrentes – em cada instituição de ensino superior. A exclusão de alguns centros de investigação tem implicações para as estratégias de cada instituição, defende o CRUP. Para António Rendas, “as universidades têm uma posição central no sistema científico nacional e isso deve ter sido em conta num processo como este”, considerando mesmo que o contacto entre a FCT e as instituições de ensino devia ter acontecido “mais cedo”.

O plenário do CRUP reuniu-se, no sábado, com a secretária de Estado da Ciência, Leonor Parreira, a quem fez ver estas e outras preocupações com a avaliação das unidades de investigação pela FCT. António Rendas afirma que o processo teve “problemas” e causa “preocupações” semelhantes às demonstradas pelos conselhos científicos da FCT, a entidade que financia a ciência portuguesa com dinheiros públicos.

Carta dos conselhos científicos da FCT
Os presidentes das quatro áreas de especialidade dentro da fundação enviaram uma carta conjunta ao presidente da FCT, na qual apontam “inconsistências” na avaliação como a existência de “maiores disparidades [nas notas] entre avaliadores do que é corrente nestas avaliações”. João Carlos Marques, João Costa, Jorge Soares e Manuel Carrondo pedem também algumas clarificações à avaliação em curso em questões como a possibilidade de haver unidades de investigação que passaram à segunda fase – pelo que tiveram uma classificação superior a Bom –, mas que, em teoria, podem receber uma nota inferior na segunda fase.

Na mesma carta são feitos alertas em relação ao futuro do sistema científico português, sublinhando o facto de haver áreas disciplinares em que não houve nenhuma unidade de investigação aprovada e que, por isso, correm o risco de desaparecer. Os presidentes dos conselhos científicos da FCT defendem também que se “observe o resultado da totalidade” dos vários concursos da FCT nos últimos anos – projectos, Investigador FCT, programas doutorais, bolsas e infra-estruturas de investigação: “A reestruturação da política de ciência e tecnologia em curso necessita de um olhar global e sistémico sobre a rede, que enquadre e dinamize todo este conjunto de medidas.”
 

   

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