O Costa Concordia já flutua com ajuda e prepara-se para a última viagem
Depois de ter sido colocado na posição vertical, em Setembro, o navio foi agora levantado e já não precisa da plataforma submersa para flutuar.
A operação ainda está longe de poder ser considerada um sucesso, mas o responsável técnico, o engenheiro italiano Franco Porcellacchia, mostra-se confiante, depois de o Costa Concordia ter aparentemente passado o teste mais difícil – ao fim de poucas horas, tinha sido levantado da plataforma submersa que o sustentava, sem dar sinais de que o seu casco apodrecido pudesse vir a ceder.
"O navio está já a flutuar, com as caixas apensas. Está em posição vertical, e não está a inclinar-se. Isto é extremamente positivo", disse Porcellacchia.
O Costa Concordia já tinha sido colocado na vertical em Setembro do ano passado, 20 meses após o desastre, mas continuava assente numa plataforma submersa. A operação que começou nesta segunda-feira tem como objectivo levantar o navio dessa plataforma e levá-lo para mais perto do porto de Giglio, onde irá depois ser preparado para ser rebocado até Génova, o que acontecerá nos próximos dias.
A operação de resgate do navio – considerada pela construtora Carnival Corporation & plc como a mais complexa e dispendiosa de sempre, com um custo final estimado em cerca de 1500 milhões de euros – só ficará concluída com a chegada do Costa Concordia ao porto de Génova, o que deverá acontecer ao fim de cinco dias de viagem. Aí chegado, a construtora irá aproveitar tudo o que for possível e destruir o resto, numa outra operação que poderá prolongar-se até 2016.
Mesmo que tudo corra bem nas primeiras horas desta segunda fase de resgate do Costa Concordia (depois da colocação do navio em posição vertical, há dez meses), faltará ainda a viagem até Génova, um percurso de cerca de 300 quilómetros que terá de ser coordenado com as condições de navegação no Mediterrâneo, mais favoráveis nesta época do ano.
O desastre do Costa Concordia, que se afundou depois de ter embatido contra uma formação rochosa submersa muito perto da ilha de Giglio, matou 32 dos seus 4229 passageiros e membros da tripulação. Um deles, o indiano Russel Rebello, de 33 anos, continua desaparecido.
O comandante do navio, o italiano Francesco Schettino, está a ser julgado por homicídio involuntário, por responsabilidade directa num naufrágio e por ter abandonado o navio.
Em declarações prestadas no final da semana passada perante a agência de defesa dos consumidores de Itália, Francesco Schettino admitiu que desviou o Costa Concordia da sua rota programada, mas acusou o homem que seguia ao leme de não ter respeitado as suas ordens. Segundo a sua versão, o marinheiro virou para a direita quando tinha recebido ordens para virar à esquerda.