Directioners preparadas para concerto “inesquecível” no Estádio do Dragão

Não basta apenas ouvir faixas de um álbum ou apreciar atributos físicos. Ser uma verdadeira fã dos One Direction é acompanhar todos os passos da banda, sabendo aquilo que mais ninguém sabe. As “directioners” portuguesas já estão preparadas para o concerto deste domingo, no Porto

Foto
As fas dos One Direction. Catarina Rodrigues, Rita Ribeiro, Jana Rodrigues e Joana Santos Rui Gaudêncio

Harry, Zayn, Louis, Liam e Niall fazem parte do seu dia-a-dia, bem como das paredes do seu quarto, que estão preenchidas com posters gigantes e com desenhos do grupo feitos por outras fãs. “Eles são uma inspiração para mim e adoro ser fã deles. Mesmo quando há coisas difíceis para ultrapassar na minha vida, são eles que me metem um sorriso na cara”, confessa.

O movimento 1D tem atraído milhares de fãs por todo o mundo, com maior incidência no sexo feminino, à semelhança dos Beatles e dos Tokio Hotel, ultrapassando fronteiras e padrões culturais. “Gostar de algum ídolo musical, entre os 12 e os 15 anos - idade na qual ocorre um despertar da sexualidade - corresponde a um escape ou lazer, que acarreta coisas positivas como, por exemplo, a aprendizagem de línguas e de outras culturas”, explica Ana Jorge, professora da Universidade Nova de Lisboa, que fez um doutoramento sobre Cultura e Celebridades dos Jovens.

Porém, para se pertencer às directioners não se pode ser uma fã normal. Joana Rodrigues, de 14 anos, conta que “ser directioner é um processo de acompanhamento contínuo e dedicado, que passa por conhecer toda a carreira profissional – músicas, álbuns, videoclips, concertos –, traços da personalidade dos membros e um pouco do seu dia-a-dia.” Uma directioner é também uma coleccionadora, adquirindo e guardando todos os objectos que remetam para o grupo musical.

“Ser fã depende da ligação emocional que se tem a determinado produto cultural e isso determina o tempo que o indivíduo dedica a este produto, bem como o dinheiro que despende”, acrescenta Ana Jorge. As directioners, como fãs expressas, manifestam a sua devoção de diversas formas.

Gisela Nunes, de 14 anos, é uma das administradoras das páginas One Direction Portugal, Harry Styles e Sexys One Direction no Facebook, fazendo diariamente cerca de três publicações com notícias, montagens, cenas de humor e outros artigos relacionados com os seus ídolos. Para a jovem, o importante é ajudar a divulgar o trabalho da banda e estar em contacto com outras directioners. “Entrei nestas páginas porque queria mostrar ao mundo como os One Direction são fantásticos. Adoro saber que as pessoas sorriem ao ler as minhas
publicações”, revela Gisela.

É maioritariamente através das redes sociais que as directioners mantêm laços entre si e com a banda, passando grande parte do seu tempo livre à espera de novas notícias. “Um tweet deles a dizer 'Goodnight' ou 'Hi Everybody' preenchem-me por completo. Fico satisfeita só de saber que eles estão ali, do outro lado da rede”, revela Joana Rodrigues. Já Catarina, de 13 anos, passa as tardes a ler Fan Fics, histórias românticas fictícias construídas online por directioners, que se assumem como as personagens principais. “Estas histórias fazem com que cada vez mais acredite que um dia posso conhecê-los”, acrescenta a jovem. Gisela Nunes também é uma das administradoras da One Direction Portugal Fan Fics, com 45.259 gostos actualmente.

“As pessoas pensam que ser fã é estar isolado do mundo, estando ligados apenas a um ídolo. Mas é através destas redes que as pessoas integram novos grupos, que quebram a relação escola-casa e põem de lado vários medos”, explica a professora Ana Jorge. Apesar de se sentir acolhida nesta família de directioners, Rita Ribeiro, de 14 anos, revela que já foi alvo de comentários negativos por parte de quem não aprecia a banda. “Muitos amigos meus gozam com os One Direction. Dizem que são homossexuais e que as músicas não prestam. Algumas críticas deixam-me revoltada, com vontade de agir e parar com esta discriminação”.

O primeiro concerto dos One Direction em Portugal ocorreu o ano passado, em Maio, no Pavilhão Atlântico, e a febre de directioners levou a que os bilhetes esgotassem decorridas oito horas após terem sido postos à venda. Joana Rodrigues e Rita Ribeiro foram das que conseguiram comprar um bilhete, depois de horas na fila. Porém, para estas fãs, todo esforço é compensado no momento em que eles pisam o palco e se encontram a poucos metros de distância.

“Combinei com outras directioners, que conheci no Facebook, e encontrámo-nos no Pavilhão Atlântico às seis horas da manhã. Ficámos sob um calor torrencial durante todo o dia e não consegui comer, devido à minha ansiedade. Quando o concerto começou, senti que tudo até àquele momento tinha valido a pena e caíram-me algumas lágrimas. Desde esse dia, acho que os sonhos se podem tornar realidade”, confessa Joana.

Joana e as amigas já estão preparadas para o concerto deste domingo. “Queremos torná-lo inesquecível”, admite Gisela.

Sugerir correcção
Comentar