“O meu sonho é ser um dia jogador profissional”
Escola Zico 10 apoia cerca de 10.000 crianças no Rio de Janeiro e já tem uma unidade além-fronteiras.
“Desde que cheguei aqui, no ano passado, comecei a ter melhores resultados na escola. É obrigatório para continuar”, garante Nickson ao PÚBLICO: “Lá [na Cidade de Deus] tem muitos jogando como eu no Zico. Temos várias categorias e vai muita gente ver as partidas.” Antes de entrar no projecto, a sua rotina diária era bem diferente. “Chegava do meu curso e ficava em casa ajudando minha mãe. Não saía muito para a rua, porque meus pais achavam que era perigoso”, conta.
“Jovens que se matavam há algum tempo nas suas favelas estão agora abraçados e partilham quartos durante os torneios onde competem juntos. Isso é verdadeiramente incrível e estamos muito satisfeitos com os resultados”, salientou Fernando Vannucci, coordenador técnico executivo da Escola Zico 10.
“Estamos a dar a nossa contribuição para a educação destas crianças no país inteiro. Para integrar as nossas escolas têm de estar matriculados nas escolas, frequentá-las e ter resultados positivos. É uma exigência de que não abrimos mão”, explica o próprio Zico, admitindo que a maioria dos que procuram estes centros tem por único objectivo encontrar uma via de entrada num clube: “Sabemos que as crianças vão para este projecto para procurar um dia ter uma oportunidade de se tornarem jogadores profissionais, mas procuro transmitir-lhes que a escola nunca me impediu de me tornar num jogador de futebol. Nunca interferiu no meu rendimento desportivo.”
Com a escola que apadrinhou com o seu nome, Zico quer contribuir também para a formação cívica destes jovens e está satisfeito com os resultados. “Este projecto foi iniciado em 2008 e reúne apoios sociais e privados. Estamos a apoiar quase 10.000 crianças só aqui no Rio de Janeiro, através de parcerias com o Estado, prefeitura e empresários. Atingimos actualmente uma meta de quase 60.000 crianças em centros espalhados pelo Brasil inteiro”, revelou, adiantando que já foi aberta a primeira unidade no estrangeiro (Panamá) e que outras estão em negociação no Japão, China e Austrália.
“O nosso objectivo não é preparar estas crianças para serem jogadores de futebol, isso é uma preocupação dos clubes, mas não deixamos de os ajudar e encaminhar quando tal é possível. Agora, não somos seus empresários”, garantiu o antigo jogador, antes de entregar o troféu ao vencedor do torneio. A Rocinha acabou por bater o Vidigal após uma partida renhida, com o triunfo a chegar no prolongamento. Esta Copa também foi espectacular no relvado.