Netanyahu manda endurecer operação em Gaza
Hamas dispara rockets contra Telavive, Jerusalém, e instalações nucleares de Dimona.
O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, ordenou que se intensificassem os ataques. O Hamas impôs condições para um cessar-fogo. Analistas dizem que falta, no entanto, um interlocutor para mediar esta oferta e negociar o cessar-fogo. O Egipto de Sissi, a quem Abbas pediu mediação, não é o mesmo que ajudou em tréguas anteriores.
O que está na cabeça de todos são as duas últimas operações de Israel em Gaza – a guerra de 2008-2009 e a ofensiva de 2012. A primeira com uma invasão, a segunda com acções muito limitadas. Para já, o exército disse que em dois dias de operação, Israel atingiu mais alvos em dois dias do que em toda a operação de 2012.
Os números dão um indício da destruição – 400 alvos atingidos com mais de 400 toneladas de explosivos. Do outro lado, a precisão é diametralmente oposta – mais de 200 rockets que caíram em descampados ou que são interceptados pelo sistema de protecção anti-rockets e mísseis de Israel.
“O Hamas foi surpreendido pela resposta de Israel”, comentava uma fonte militar sob anonimato citada por vários media israelitas. “Destruímos nas últimas 36 horas mais do que o que foi destruído durante a operação de 2012, e muitos alvos eram áreas onde operavam altos comandantes do Hamas”, disse a fonte. “Não há um único comandante de brigada do Hamas que tenha uma casa para onde voltar”, comentou.
Fontes palestinianas dizem que a operação provocou já 40 mortos em Gaza – metade deles civis, incluindo mulheres e crianças. Israel diz que a maioria das vítimas morreu dentro das suas casas – num dos casos, diz que a família tinha sido alertada para sair mas voltou e a bomba já estava a cair. O Hamas diz que 55 casas foram totalmente destruídas.
Ainda assim, rockets continuavam a chegar até perto de Telavive e Jerusalém, a cerca de 50 quilómetros da Faixa de Gaza, uma diferença substancial em relação a conflitos anteriores, em que os projécteis palestinianos raras vezes conseguiam alcançar mais do que uns dez quilómetros do território. Desta vez, um rocket chegou até a cidade de Hadera, a cerca de 100 quilómetros, o mais longe que alguma vez algum projéctil disparado de Gaza tinha ido. E três foram dirigidos a Dimona, onde está uma central nuclear israelita – dois caíram em campo aberto, outro foi interceptado. Um dia antes, o Hamas tinha avisado que todos os israelitas seriam alvo.
O líder do Hamas, Khaled Meshaal, que vive no Qatar depois de ter saído da Síria, onde era apoiado pelo regime de Bashar al-Assad, na sequência da guerra civil, declarou-se disposto a um cessar-fogo mas com várias condições, do fim da ofensiva à libertação de prisioneiros que voltaram a ser detidos depois de terem sido libertados, e o reconhecimento do governo de unidade, que inclui Fatah e Hamas, por Israel (o Governo de Netanyahu interrompeu negociações com a Autoridade Palestiniana na sequência do acordo de governo).
Mas o objectivo de Israel “não é ter uma solução tipo penso rápido, em que temos um cessar-fogo e depois há rockets sobre Israel na semana seguinte”, disse Mark Regev, porta-voz de Netanyahu. O objectivo desta operação é mais ambicioso: “desmantelar a máquina militar do Hamas”, agora enriquecida com projécteis com maior capacidade. Israel estima que o Hamas tenha 10 mil projécteis.
Analistas dizem que o Hamas escolheu uma escalada com Israel por vários motivos – ter perdido o apoio do Cairo com a chegada ao poder do novo regime militar, ter perdido popularidade depois do acordo com a Fatah e ter 50 mil funcionários públicos a quem não consegue pagar.
Dificilmente irá aceitar parar sem ter algo que possa mostrar como vitória.
Do lado de Israel, a retórica subiu e também não se vê como será possível um cessar-fogo sem que tenha sido atingida a meta de parar os rockets. Comentadores sublinham a frase mais certa sobre conflitos militares: todos sabem como começam, ninguém sabe como acabam. “Vamos agora activar toda a nossa força e levar todo o tempo que seja preciso em vários estádios para chegar à vitória”, declarou o chefe do Estado Maior do Exército, Benny Gantz.
“Pode haver surpresas, pode haver disparos de rockets aqui ou um ataque terrorista, vai haver dificuldades”, comentou. “Temos de continuar a missão enquanto for necessário. O público é resiliente e estável. Confia no exército e espera que este aja.”