Onframe: a arte de eternizar memórias ultrapassou as expectativas de financiamento
Conceito concebido, foi altura de pensar numa forma de financiar o projecto. Nesse momento, “o crowdfunding ainda não tinha surgido”, explica Pedro Homem, um dos quatro fundadores da empresa. A primeira hipótese que colocaram foi a de arranjar um investidor. No entanto, acabaram por conhecer o crowdfunding através de uma pessoa que já tinha experimentado e decidiram arriscar.
A hipótese de recorrer ao crédito nunca foi posta em cima da mesa por estes empreendedores, que consideram o “crowdfunding uma boa hipótese no sentido em que não tem juros, nem as burocracias implicadas pela banca.”
Tudo começou a 23 de Julho de 2013, dia em que deram início ao seu projecto na plataforma portuguesa Massivemov. Tinham uma meta a atingir: conseguir um financiamento de 9500 euros até 27 de Setembro do ano passado. Passados dois meses, conseguiram exceder o orçamento inicial em 705 euros, ao angariarem 10.205 euros e 248 apoiantes. Este caso acabou por se tornar no financiamento mais elevado concedido através do crowdfunding no ano passado, com uma percentagem de sucesso de 107%.
Foi, no entanto, ultrapassado em Março deste ano pelo 3D Antárctida da plataforma PPL, que alcançou 21.917 euros e uma taxa de sucesso de 110%. Este projecto tinha como objectivo angariar 20.000 euros para o Grupo Polar da Universidade de Lisboa adquirir um Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT ou Drone) com vista a construir mapas 3D do terreno na Antárctida.
Na altura, o resultado obtido pela Onframe foi recebido por estes quatro empresários com muito entusiasmo, mas também com uma grande dose de surpresa à mistura. “Obviamente, quando arrancámos com o projecto acreditávamos nele e sabíamos que seria possível, mas não pensámos que o sucesso fosse tão grande como foi no início. A receptividade por parte das pessoas foi muito boa”, declarou Pedro Homem.
Depois de terem recebido o financiamento, estavam reunidas as condições para dar os primeiros passos na concepção da empresa. Utilizaram o dinheiro angariado para registar a marca e o design, bem como para comprar o primeiro material para arrancarem com a produção. E assim nasceu a Onframe. Para além do financiamento, os fundadores da empresa apontam outras vantagens que obtiveram com a utilização do crowdfunding. “Foi uma forma de testarmos o mercado pela primeira vez, de começarmos a ouvir criticas e de percebermos em que é que podíamos melhorar. Conseguimos aprimorar e desenvolver algumas ideias, foi um bom incentivo”, afirmou o arquitecto.
Passados cerca de oito meses de terem alcançado o financiamento através da multidão, Pedro Homem considera que “ainda é muito cedo para falar sobre as vendas”, mas, “para todos os efeitos estão a correr bem, estão a ser positivas, mas podiam ser melhores”, disse ao PÚBLICO. O facto de o mercado português por vezes não perceber bem em que é que consiste o produto é um dos factores apontados pelo empresário para estes resultados.
Pedro Homem pensa que “é preciso pelo menos mais um ano para que as pessoas percebam realmente o que é o produto e para que se possa tornar viral”. Os fundadores da Onframe têm como objectivo alcançar outros mercados além-fronteiras, começando pela Europa. De momento, as encomendas estão disponíveis apenas através do site da empresa, onde cada pessoa pode personalizar a sua moldura. Abrir um espaço físico destinado à venda do produto não se encontra nos planos dos empresários, visto que o conceito da marca acabava por se modificar. No entanto, têm a ambição de, no futuro, arranjar parcerias com vista a colocarem as Onframe à venda noutras lojas.
Texto editado por Raquel Almeida Correia