William Cushley: “A ciência portuguesa está em muito boa forma”

Entrevista a William Cushley, professor de imunologia na Universidade de Glasgow (Reino Unido) e coordenador do painel das Ciências da Vida e da Saúde na avaliação das unidades (ou laboratórios) de investigação que a Fundação para a Ciência e a Tecnologia tem em curso.

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"Algumas unidades de investigação deverão ser mais corajosas e tentar publicar os seus artigos em revistas melhores", diz William Cushley Fernando Veludo (arquivo)

Qual é a situação geral dos laboratórios em Portugal?
Está-se a fazer óptima ciência por todo o país. Em termos de investigação, os centros de gravidade são Lisboa e Porto, mas encontrámos ciência excelente no interior, nas ilhas... A ciência portuguesa está em muito boa forma e um exercício destes, a avaliação, ajuda os cientistas a levar a sua ciência para a frente e a concentrar os esforços. Há unidades cá que são líderes mundiais.

O que têm de fazer para melhorar?
Nalguns casos, devem continuar a fazer o que estão a fazer: os institutos com uma dinâmica muito forte e com líderes carismáticos e que se reestruturam bem devem deixar as novas ideias vingarem. Algumas unidades deverão ser mais corajosas e tentar publicar os seus artigos em revistas melhores do que as que estão a publicar agora: isso vai dar-lhes mais visibilidade e aumentar as probabilidades de terem financiamento europeu e de construírem redes de colaboração.

O que vão fazer nas visitas às unidades na segunda fase, e última, da avaliação?
Queremos que os directores das unidades tenham oportunidade de fazer perguntas sobre as avaliações. Não somos infalíveis. Queremos ver que tipo de instalações têm, perguntar sobre os programas de doutoramento, como é que estão a formar os jovens que irão ser os próximos líderes. Temos perguntas sobre como é que o financiamento vai ser gasto.

O que é que acha dos novos programas doutorais?
Alguns são incríveis. Dois institutos conceberam programas de doutoramento excepcionais específicos para jovens de países que falam português, onde as oportunidades de uma educação pós-graduada são pequenas. Permite a esses países enviar jovens para serem formados e voltarem com uma base científica excelente e, claro, que irão colaborar com Portugal.

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