Distritais não desistem de tomar uma posição política sobre directas e congresso no PS
Leiria está reunida nesta segunda-feira e amanhã é a vez da Federação Regional do Oeste. Alegre e Alberto Costa condenam insultos a António Costa.
“Sou a favor das directas e de um congresso, porque penso que atirar para Setembro uma solução para resolver a crise em que o PS se encontra é muito tarde, prejudica o partido e desgasta os candidatos”, declarou Fernando Lopes, presidente da Câmara de Castanheira de Pêra e membro da distrital de Leiria.
Ao PÚBLICO, Fernando Lopes insiste na urgência de o partido ultrapassar a situação rapidamente, porque “Portugal precisa do PS, mas de um PS apaziguado, forte e reforçado”. Para além disso, acrescenta, “o PS precisa de uma liderança mobilizadora que mobilize não só os militantes, mas todos os portugueses que estão de boa-fé e querem dar contributos. E António Costa é o líder de que os socialistas precisam".
Já a Federação Regional do Oeste (FRO) reúne-se terça-feira à noite e em debate vai estar a realização de uma reunião magna extraordinária e de directas, por proposta de algumas concelhias. Carlos Miguel, dirigente da FRO, reconhece que “já não há ambiente para directas por causa da decisão tomada pela Comissão Nacional”, que inviabilizou a proposta de António Costa para discussão de directas.
O também presidente da Câmara de Torres Vedras discorda da forma como a Comissão Nacional descartou a discussão do congresso extraordinário, porque, sublinha, “as eleições primárias propostas agora pelo secretário-geral deviam ter sido legitimadas em congresso, uma vez que foram chumbadas em congresso por duas vezes por uma ampla maioria e António José Seguro votou contra”.
O dirigente socialista lamenta ainda o “ambiente intolerável” em que decorreu a reunião do partido em Ermesinde, e revelou que “qualquer pessoa de bom senso se sente achincalhada”. Carlos Miguel revelou que apresentou à mesa da Comissão Nacional uma proposta que previa uma data diferente (25 e 26 de Outubro) da que fora defendida por Seguro para a realização dos congressos federativos (5 e 6 de Setembro), “para que o partido se pudesse concentrar exclusivamente nas primárias e não nos dois actos eleitorais no mesmo mês”. “Só isso foi motivo para achincalhamento”, afirma, agastado, insurgindo-se contra a “falta de abertura da direcção do partido”.
Alegre: no PS “não há lugar para arruaceiros”
Os insultos a António Costa no domingo, em Ermesinde, no final da Comissão Nacional, caíram mal em alguns sectores do partido. Manuel Alegre, apoiante de Costa, condenou-os nesta segunda-feira e exigiu a intervenção da direcção do partido. “O PS é um partido democrático, onde não há lugar para arruaceiros”, disse. Pouco depois era a vez de Alberto Costa, ex-ministro da Administração Interna, criticar o facto de a presidente, Maria de Belém, e do secretário-geral, António José Seguro, ainda não terem comentado o que se passou.As críticas dos dois ex-dirigentes do PS surgem um dia depois dos insultos e das vaias dirigidas ao candidato a secretário-geral dos socialistas por parte de alguns populares, que se encontravam na rua, no final a reunião socialista. Depois de terem aplaudido Seguro, os populares insultaram Costa, chamando-lhe “traidor”.
Em comunicado, a concelhia do PS-Valongo condenou os “comportamentos indignos” ocorridos no concelho, afirmando não aceitar “que este tipo de comportamentos aconteçam, seja quem for o alvo dos mesmos e no caso de ontem, em particular, o camarada António Costa”.