Administração, direcção clínica e todas as direcções de departamento do Hospital S. João demitiram-se

Protesto contra políticas do Governo.

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A redução do horário de serviços prestados ao Hospital de São João será de dois terçosx Foto: Paulo Ricca / PÚBLICO

Além da administração e da direcção clínica, demitiram-se também 31 directores de serviços clínicos e todas as direcções dos departamentos do Centro Hospitalar de São João.

Há pouco mais de um mês o PÚBLICO anunciava a demissão do presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de São João, António Ferreira. Porém, nessa altura, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, terá tentado evitar esta situação propondo ao conselho de administração daquela unidade hospitalar que elaborasse um conjunto de propostas que, entretanto, já foram entregues ao gabinete do ministro, mas que não terão obtido qualquer resposta.

As demissões terão sido assinadas no final de uma reunião realizada esta quinta-feira e na qual participaram o Conselho de administração, a direcção clínica, os 31 directores dos serviços clínicos e todas as direcções de departamento do Centro Hospitalar S. João.

Os responsáveis manifestaram-se contra as políticas do Ministério da Saúde, nomeadamente alguns aspectos de uma portaria relativa à reforma hospitalar, que prevê o encerramento ou concentração de serviços nos hospitais, uma questão que levanta preocupações à classe médica e aos gestores de várias unidades hospitalares.

O PÚBLICO tentou obter uma reacção do ministro da Saúde a esta demissão em bloco mas sem sucesso. 

Ex-secretário de Estado da Saúde responsabiliza ministro pela situação
O ex-secretário de Estado-Adjunto da Saúde, Manuel Pizarro, foi uma das primeiras pessoas a reagir à demissão em bloco do Centro Hospitalar S. João e não poupou críticas ao ministro Paulo Macedo.

“A demissão de todos os dirigentes do Centro Hospitalar S. João e, sobretudo pelos motivos invocados, reveste-se da maior gravidade e coloca em causa directamente as acção ou talvez melhor dito a inacção do senhor ministro da Saúde”, afirmou ao PÚBLICO o ex-governante.

Para Manuel Pizarro, “a assistência médica prestada no centro hospitalar é de elevada qualidade, por todos reconhecida e é insubstituível pelo que constitui um crime contra o país e contra o cidadãos do Norte deixar deteriorar uma unidade tão qualificada”.

O ex-secretário de Estado-Adjunto da Saúde elogia a “forma exemplar” como o centro hospitalar tem sido gerido desde 2006, evidenciando os resultados “sempre positivos” alcançados pela actual administração. 

Insurgindo-se contra o “lamentável centralismo” de Lisboa, Manuel Pizarro não percebe por que é que “a este esforço dos dirigentes e profissionais não corresponda o reconhecimento deste Governo e deste ministro” e declara “Entre o Centro Hospitalar de S. João e o ministro da Saúde eu escolho sem nenhuma dúvida o Hospital Faz muito mais falta às pessoas”.

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