Polícia espanhola desfez rede que recrutava para a jihad

Entre os detidos está o presumível líder da rede, um marroquino de 47 anos que foi preso no Afeganistão e passou pelo campo militar de Guantánamo.

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Imagens de jihadistas do ISIS difundidas pelo Twitter AFP/HO/ALBARAKA NEWS

Segundo as autoridades, entre os detidos encontra-se o alegado líder da rede, Lahcen Ikassrien, um homem de 47 anos e nacionalidade marroquina, que estará a colaborar com os investigadores. Detido em 2001 no Afeganistão e transferido para o campo militar de Guantánamo pelas forças norte-americanas, foi acusado de terrorismo nos Estados Unidos mas acabou por ser extraditado para Espanha cinco anos mais tarde a pedido do juiz Baltasar Garzón – e libertado por falta de provas.

A residir em Madrid desde então, Lahcen Ikassrien foi detido às primeiras horas da manhã desta segunda-feira em casa, no âmbito de uma operação “preventiva” levada a cabo pelo Comissariado Geral de Informação e incluída no reforço geral da segurança para a cerimónia de proclamação do rei Felipe VI, esta quinta-feira.

Além de Ikassrien, a polícia deteve outros oito alegados membros da mesma rede, de nacionalidade espanhola, marroquina, búlgara e argentina. No entanto, as autoridades já não foram a tempo de capturar um outro nome da sua lista de suspeitos, o irmão de Mohamed Al-Falah, um dos presumíveis autores dos atentados de 11 de Março de 2004 em Madrid, e que saiu do país há dez dias com destino a Marrocos (e daí, supostamente, para a Síria).

De acordo com o El País, as autoridades cercaram uma propriedade rural próxima da localidade de Ávila, que estaria a ser utilizada como uma espécie de centro de estágio para “ambientar” os futuros militantes às condições do quotidiano nas zonas de combate. A rede desmantelada esta manhã teria acabado de enviar dois combatentes para a Síria através da Turquia, e preparava-se para realizar um novo embarque.

Desde os atentados de 2004, a Espanha já expulsou uma centena de radicais islâmicos detidos no seu território, alegando “razões de segurança nacional” para a sua deportação expedita para os respectivos países de origem. Nos últimos dois anos, foram realizadas quatro operações para o desmantelamento de células de captação e recruta de combatentes islâmicos – as últimas decorreram em Março e Maio em Ceuta e Melilla, e resultaram na detenção de nove indivíduos (sete espanhóis e dois franceses) que foram acusados de enviar 26 jihadistas para as fileiras de combate na Síria, Mali e Líbia.

Além da Espanha, também a França, o Reino Unido e a Bélgica reforçaram a vigilância aos seus nacionais que partiram para a Síria ou o Iraque e regressaram após longos períodos: os Governos prometeram “combater” os europeus radicalizados e dispostos a pegar em armas em nome da sua causa islâmica – em casa ou no Médio Oriente.

Segundo o Centro Internacional de Estudos da Radicalização, sedeado em Londres, 18% de todos os combatentes estrangeiros que chegaram à Síria vieram da Europa. Em Dezembro, os governos francês e belga estimaram que desde Março de 2013, entre 1500 e 2000 cidadãos europeus tivessem viajado para aquele país, não para lutar contra o Presidente Bashar al-Assad mas para integrar grupos como a Frente al-Nusra (leal à Al-Qaeda) ou os radicais do ISIS.

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