E o Óscar mais polémico vai para... o rei da comédia Jerry Lewis

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Não é caso para rir: o anúncio de que a Academia de Hollywood decidiu atribuir um prémio humanitário a Jerry Lewis gerou protestos de várias organizações de defesa de pessoas com deficiência. O actor, realizador, produtor e rei da comédia em geral é presidente da Associação americana de Distrofia Muscular e, desde os anos 60, apresenta uma maratona televisiva anual destinada a angariar fundos para aquela doença degenerativa. Mas activistas de outras organizações consideram que essa transmissão televisiva tem contribuído negativamente para a imagem pública de pessoas com deficiência, por tratá-las como se fossem vítimas. As críticas não são novas - em 2001, Lewis ripostou: "Se não querem que se sinta pena por serem aleijados numa cadeira de rodas, é melhor não saírem de casa!"

O Prémio Humanitário Jean Hersolt que Lewis se prepara para receber destina-se a "um indivíduo cujos esforços humanitários tenham trazido crédito à na indústria cinematográfica".

"Para quem está de fora, Jerry Lewis pode ser visto como um humanitário, mas para nós ele personifica uma das maiores barreiras que as pessoas com deficiência enfrentam: atitudes ultrapassadas", afirmou uma activista e organizadora de um protesto anti-Lewis. "Todos os dias deparamos com os efeitos colaterais do discurso do ‘coitadinho' de Lewis, quando as pessoas nos olham como vítimas", acrescentou. Foi feita uma petição "online" para pedir à Academia de Hollywood que cancelasse o prémio.

A imprensa americana tem dito que é um prémio de consolo para alguém que nunca recebeu um Óscar (nem sequer uma nomeação). Jerry Lewis, 82 anos, disse à "Entertainment Weekly" que está nas nuvens, mas também se nota o ressentimento por nunca ter recebido um Óscar pelo seu trabalho. "Eles [a Academia] nunca tiveram o meu trabalho em grande conta", afirmou. "A Academia sempre foi muito cautelosa em relação à comédia."

Não são só activistas que estão indignados com o Óscar de Lewis. Para a revista "Time", é "o prémio errado". "É um acto simbólico menor, quase um insulto, a um dos talentos cómicos mais selvagens e imaginativos" e, "sem sombra de dúvida, o grande ego do ‘showbiz' de meados do século XX".

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