O artista chinês Ai Weiwei foi eleito a personalidade mais poderosa no mundo da arte em 2011 pela revista ArtReview, que anualmente elabora o top 100. Entre artistas, galeristas, críticos, curadores e até empresas de arte, Ai Weiwei foi quem se destacou na lista deste ano, que celebra dez anos e já se converteu numa referência no sector.
A distinção a Ai Weiwei surge no ano em que o artista, dissidente do regime chinês, esteve sob grande atenção mediática depois de ter sido detido no aeroporto de Pequim em Abril, sem qualquer explicação das autoridades, que apenas mais tarde, e depois de muitas manifestações públicas de apoio ao artista, defenderam que Ai Weiwei estava detido por evasão fiscal. No entanto, o artista garante ter sido detido ilegalmente pelas suas opiniões.
"O seu activismo lembra-nos como a arte consegue chegar a uma grande audiência e ligar-se ao mundo real", justificou a escolha Mark Rappolt, editor da ArtReview, destacando que a situação de Ai Weiwei permitiu a todos os artistas a mudança da ideia de que trabalham para um público limitado às paredes de um museu ou uma galeria.
Em declarações à BBC, o artista chinês disse não se sentir "nada poderoso" com esta nomeação, considerando que vive ainda como se continuasse detido. "Estou frágil, se calhar isso é ser poderoso", disse o artista, lembrando que é da responsabilidade de todos os artistas proteger e defender a liberdade de expressão.
A escolha de Ai Weiwei para o topo da lista - o ano passado ficou na 13ª posição - já está a gerar polémica na China, que esta quinta-feira criticou a opção. "A China tem muitos artistas com capacidades suficientes. Sentimos que a selecção foi puramente baseada na sua tendência política e essa perspectiva violou os objectivos da revista", disse, citado pela Reuters, numa conferência de imprensa, Liu Weimin, assessor do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês.
Mas para o editor da revista, Ai Weiwei foi escolhido por tudo o que representa para a arte, mostrando não só o alcance das obras como o poder que os artistas podem ter.
Em segundo lugar do ranking, onde não consta nenhum nome português, pertence aos directores da Serpentine Gallery, em Londres, Hans Ulrich Obrist e Julia Peyton-Jones, e em terceiro está Glenn D Lowry, director do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Ainda no top dez destacam-se Nicholas Serota, director da Tate e o coleccionador e galerista Larry Gagosian, que o ano passado encabeçou o ranking.
Entre os mais poderosos no mundo da arte estão ainda artistas como Gerhard Richter (11º), Mike Kelley (21º), Marina Abramovic (23º), Peter Fischli e David Weiss (28º), Liam Gillick (32º), Rosemarie Trockel (41º), Takashi Murakami (47), Anish Kapoor (50º) e Steve McQueen (59º).
Entre os críticos de arte destacaram-se Rose Lee Goldberg (18º), Boris Groys (53º) e Kaja Silverman (95), enquanto os coleccionadores mais bem colocados são Eli Broad (17º), François Pinault (19º) e Patricia Phelps de Cisneros (25º).
Ai Weiwei, que foi libertado sob caução, estando impedido de dar entrevistas, viajar e usar o Twitter durante um ano, escreveu recentemente um artigo na revista Newsweek onde atacou o Governo chinês, falou sobre o ambiente que se vive em Pequim e a opressão do regime feita aos cidadãos.