Manuel Vázquez Montalbán decifrado

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Manuel Vázquez Montalbán (1939-2003) não era um homem, era uma figura "bigger than life" - nos livros em que o nome dele era Carvalho, Pepe Carvalho, e nos aparecia à frente a comer ostras e a queimar livros, na vida, sempre a correr da Espanha para o mundo até morrer de ataque cardíaco no aeroporto de Banguecoque, mas também nos jornais. É justamente esse continente imenso da biografia de Montalbán - mais de nove mil artigos distribuídos por cerca de 20 publicações - que começa agora a ser explorado com a publicação do primeiro dos três volumes da antologia "La Construcción de Un Columnista" (Debate). Precioso contributo para decifrar o "cocktail" Montalbán, sublinha o "El País" (onde o escritor chegou em meados dos anos 80, com a Espanha já livre de Franco, mas em parte ainda presa à tralha franquista), que esta semana tentou desmontar a fórmula junto dos mais próximos. "Rasgava as costuras, misturando a alta com a baixa cultura, o futebol com a poesia, e a poesia com a política", nota Anna Sellés, que foi sua mulher. "Fabricava em dez minutos um artigo de fundo sobre política internacional", acrescenta o romancista Juan Marsé. "Movimentava-se com toda a facilidade dentro da salada em que então vivíamos, e não se negava a nenhuma das tentações: o futebol, a cozinha, a política. Tudo o que fazia fazia bem, e com urgência", completa o músico Joan Manuel Serrat. Até agora, algum do melhor Montalbán, esse que andou pelos jornais sem nunca ter saído da rua, estava "enterrado nas hemerotecas". Já não está.

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