Um estudo realizado por Ian Lancashire e Graeme Hirst da Universidade de Toronto concluiu que Agatha Christie (1890-1976) sofria de Alzheimer. A investigação analisou 16 romances (15 policiais e um "thriller"), escritos entre os 28 e 82 anos, e observou uma diminuição no número de palavras diferentes utilizadas, e um aumento na utilização de substantivos ou pronomes indefinidos e no número de frases repetidas.
Apesar de não ter sido diagnosticada a doença à escritora, os investigadores concluem que as mudanças verificadas na linguagem eram "sintomas de dificuldade de memória associada com a doença de Alzheimer", dizem num comunicado colocado no "site" da universidade, e que não se tratava apenas da perda de memória típica de um envelhecimento normal.
A análise destes parâmetros mostrou que a capacidade de escrita de Christie é afectada ao longo dos anos, mas a diminuição é notória entre "Destino Desconhecido", escrito aos 63 anos, e "Os Elefantes têm Memória", aos 81.
Em 2004, um estudo semelhante liderado por Peter Garrard, da University College London, analisou as obras da irlandesa Iris Murdoch (1919-1999), a quem foi diagnosticado Alzheimer em 1996. Tal como em relação a Agatha Christie, foi verificada uma diminuição do vocabulário utilizado e uma perda na capacidade de escrita que seriam sintomas da doença. O estudo concluía ainda que uma análise da escrita poderia detectar a doença antes de outros meios, recorda o "Guardian".
Os investigadores de Toronto vão continuar a estudar a obra de Agatha Christie e pretendem também começar a estudar a de H. G. Wells (1866-1946).