Derrubar as regras com Laurel Halo, no aniversário da RUC

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Não é fácil enquadrá-la, nem seria proveitoso fazê-lo. O que fascina em Laurel Halo é a forma como se coloca perante os géneros — o tecno, o ambient, a pop mais cerebral — para os dinamitar por dentro. A artista do Michigan está de volta a Portugal: actua hoje no Teatro Académico Gil Vicente (TAGV), em Coimbra. Um concerto para celebrar o 28.º aniversário da Rádio Universidade de Coimbra (RUC).

O percurso de Halo começa em 2010. Nesses primeiros anos, lança EP que apontavam em vários sentidos. Em Quarantine (2012), o primeiro longa duração, com o cobiçado selo Hyperdub, ouvimo-la a lidar com a sua voz, nada doce mas bela, colocada sobre instrumentais que fazem a quadratura do círculo: são sonhadores, mas recusam a hipnose e o adormecimento dos sentidos. Foi o melhor álbum daquele ano para a revista The Wire, bíblia da música experimental.

Depois dele, Halo podia ter feito um Quarantine II. Mas, em Chance of Rain (2013), volta a mudar. A voz sai do primeiro plano e ouvimo-la a jogar com fórmulas da música de dança (o crescendo, o clímax, o pulsar vulcânico dos graves), mas a fazer outra coisa com elas: uma música frenética, em mutação contínua (tal como em Quarantine), que raras vezes nos faz dançar desalmadamente (só faz dançar as nossas sinapses).

“Cresci a tocar música com regras fixas como a notação musical, a teoria, as regras sobre até onde se permitem ir as vozes individuais”, disse ao Ípsilon aquando da edição de Quarantine. “O que eu faço é um processo contínuo de derrubar essas regras e compor ou improvisar baseando-me em sentimento e energia versus tónica e tempo.”

Laurel Halo continuará a derrubar as regras. Assim será hoje em Coimbra: o público ocupará o palco do TAGV, fazendo dele um clube nocturno. Será uma experiência exclusiva: a lotação está limitada a 250 pessoas.

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