Israel lança operação na Cisjordânia para encontrar três jovens sequestrados

Tropas israelitas estão a trabalhar com base na suspeita de que adolescentes foram raptados por palestinianos. Comunicado atribuído a grupo radical reivindica acção.

Militares israelitas mobilizaram patrulhas para os arredores de Hebron
Fotogaleria
Militares israelitas mobilizaram patrulhas para os arredores de Hebron Ronen Zvulun/Reuters
Desde o início da operação foram já detidas mais de dez pessoas
Fotogaleria
Desde o início da operação foram já detidas mais de dez pessoas HAZEM BADER/AFP
Ministro israelita da Defesa diz que 14 tentativas de sequestro foram impedidas este ano
Fotogaleria
Ministro israelita da Defesa diz que 14 tentativas de sequestro foram impedidas este ano HAZEM BADER/AFP
Nas operações de buscas a residências foram apreendidos computadores
Fotogaleria
Nas operações de buscas a residências foram apreendidos computadores HAZEM BADER/AFP

Os três jovens, dois de 16 anos e um de 19, desapareceram na última quinta-feira depois de terem apanhado boleia junto a um yeshivot (escola onde se ensina o Talmude, um dos livros sagrados do judaísmo), na zona de Gush Etzion, colonato judaico situado entre as cidades palestinianas de Belém e Hebron, para chegar a Jerusalém. Um dos rapazes terá nacionalidade dupla, israelita e norte-americana, tendo a embaixada dos Estados Unidos já sido alertada para o seu desaparecimento, avança a rádio pública israelita.

Este sábado, foram reforçadas as operações de busca, vigilância e interrogatórios em Hebron e nas localidades próximas. Segundo oficiais palestinianos, citados pela Reuters, foram detidas pelo menos 12 pessoas na cidade palestiniana, incluindo duas mulheres. À AFP, outras fontes militares falam em várias dezenas.

Testemunhas locais avançaram à Reuters que alguns dos detidos estão envolvidos no comércio de automóveis e oficinas, o que indicia que as investigações passam também por possíveis meios de transporte que tenham sido usados no alegado sequestro. Além das detenções, tropas israelitas apreenderam vídeos captados por câmaras de vigilância de propriedades privadas em Hebron e impediram que cerca de 300 pessoas deixassem a sua área de residência.

A operação israelita está a decorrer com base na suspeita de sequestro dos três jovens por palestinianos. A única indicação até agora nesse sentido é um comunicado divulgado na Internet, cuja autenticidade ainda não foi confirmada, a reivindicar o sequestro em nome da até agora desconhecida fação palestininana do Estado Islâmico no Iraque e no Levante (ISIS), um grupo radical ligado à Al-Qaeda e com uma forte presença na Síria e que agora está a levar a cabo uma ofensiva no Iraque.

“Não podemos confirmar se estão vivos ou mortos. Não sabemos mais nada neste momento”, confessou à Reuters uma fonte militar israelita. A mesma fonte confirmou o reforço da presença militar de Israel na zona de Hebron, nomeadamente com a presença de unidades de forças especiais e uma brigada de paraquedistas. “Precisamos de usar todas as nossas capacidades para que isto chegue a um fim”. Uma fonte da segurança palestiniana avançou à agência que as forças do presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, estão a ajudar Israel nas operações em Hebron.

O ministro israelita da Defesa, Moshé Yaalon, está também em Hebron. “Até recebermos informações em contrário, partimos da hipótese de que os três adolescentes estão vivos”, sublinhou numa declaração aos jornalistas ouvida pela AFP.

Moshé Yaalon fez as declarações com base na ideia que de houve um sequestro neste caso. “Sequestros como este não são novos. No ano passado, conseguimos impedir cerca de 30 tentativas e 14 desde o início deste ano”, informou o responsável.

A informação de que as tropas de Abbas estão também no terreno nas investigações ao desaparecimento dos três jovens foi recebida com fortes críticas por parte do Hamas. “A coordenação de segurança entre os serviços de [primeiro-ministro Rami] Hamdallah e de Abbas e o inimigo para localizar heróis na operação de Hebron e detê-los é um estigma”, defendeu o porta-voz do grupo islamista.

Sugerir correcção
Comentar