Jornalistas protestam quinta-feira contra despedimentos na Controlinveste

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Os jornalistas vão concentrar-se em frente às instalações do DN em Lisboa José Sarmento Matos

Segundo disse à Lusa Sofia Lorena, do PÚBLICO, a iniciativa surgiu de conversas entre jornalistas de vários órgãos de comunicação social, após ter sido conhecido que o grupo Controlinveste - detentor do Jornal de Notícias, Diário de Notícias, TSF e O Jogo, entre outros - vai despedir 140 trabalhadores e negociar a saída de mais 20.

A decisão foi justificada com a quebra de receitas e a necessidade de reduzir custos para “garantir a sustentabilidade do nosso negócio”.

Vários jornalistas decidiram, assim, juntar-se nesta quinta-feira, pelas 13h (hora de Lisboa), frente ao edifício do Diário de Notícias em protesto contra os despedimentos e em solidariedade com os trabalhadores que têm o posto de trabalho em risco.

A concentração deve contar com a presença de trabalhadores da Controlinveste, que aproveitarão a pausa de almoço para se juntarem.

A Comissão de Trabalhadores da Lusa também vai associar-se à acção e, em comunicado, apelou aos trabalhadores da agência para se juntarem ao protesto.

Já hoje, o Sindicato dos Jornalistas repudiou o anunciado despedimento, que deverá abranger 64 jornalistas, considerando que as saídas de trabalhadores comprometem a “capacidade operacional” do DN, do JN e da Global Imagens, “devido à erosão das suas redacções descentralizadas e filiais”, enquanto na rádio TSF “a estrutura da edição em linha será profundamente afectada”.

O PCP enviou, ao final da tarde, uma pergunta ao ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, Poiares Maduro, em que recorda que já em 2009 a Controlinveste despediu 122 trabalhadores.

Para o PCP, é “incompreensível” a decisão anunciada nesta quarta-feira, depois de a administração ter dito há alguns meses que com a reestruturação accionista, que ficaria “em condições de dar continuidade ao seu longo historial e enfrentar os exigentes desafios que se colocam na área dos media em Portugal” e do reforço financeiro do grupo, "com a conversão em capital de parte dos créditos bancários e do aumento de capital através de novos accionistas".

O Partido Comunista diz que este despedimento vem tornar ainda mais frágil um sector “fértil em situações de precariedade", com "falsos recibos verdes, desregulação do horário de trabalho, disponibilidade total, não pagamento de trabalho extraordinário".

A deputada comunista Carla Cruz, que assina o texto a que a Lusa teve acesso, termina a perguntar ao Governo se tem conhecimento deste despedimento colectivo, se tem conhecimento de alguma intervenção da Autoridade para as Condições do Trabalho na empresa e ainda que medidas pretende tomar para acompanhar a situação destes trabalhadores, nomeadamente no respeito e cumprimento dos seus direitos laborais.

Por fim, o PCP questiona o Governo sobre que avaliação faz do despedimento e o impacto no sector da comunicação social.