Ateneu Comercial do Porto aprovou contracção de empréstimo junto dos associados
Com esta decisão, a instituição centenária evita a venda da sua primeira edição de Os Lusíadas, avaliada em 225 mil euros.
Em discussão estavam também a contracção de um empréstimo bancário "num valor máximo de 200 mil euros, com um período de empréstimo de 10 anos (...), assegurado pela constituição de hipoteca sobre o edifício social", e a alienação de peças do espólio do Ateneu, avaliadas por uma leiloeira, entre as quais um quadro de José Malhoa, de valor estimado em 75 mil euros, um quadro de Henrique Pousão, estimado em 90 mil euros, e a primeira edição de Os Lusíadas, de 1572, estimada em 225 mil euros.
"Garante-se, para já, o financiamento, mas dentro de um mês iremos avaliar o êxito desta medida e, se for caso disso, voltaremos a reunir para encarar a hipótese de venda de algum património. Em princípio, pelo que se viu na assembleia-geral e pela disposição de alguns sócios, que já se disponibilizaram para emprestar dinheiro, tudo irá correr bem", disse Rogério Gomes.
A actual direcção, que assumiu funções há cerca de três meses, irá também lançar um apelo à população para que apoie o Ateneu e o seu património, tornando-se sócios e participando nas iniciativas já programadas, a maior parte de índole cultural, mas também de entretenimento.
Rogério Gomes disse que os associados irão emprestar, a um juro de cinco por cento, a cinco anos, as quantias que puderem disponibilizar.
O presidente da direcção da instituição, Paulo Lopes, disse na quinta-feira à agência Lusa que "o Ateneu tem vindo a arrastar um défice de exploração considerável, de 50 mil euros por ano. Além disso, existe um passivo de 50 mil euros [pelo que] no exercício deste ano teríamos a necessidade, para terminar com uma situação financeira equilibrada, de 110 mil euros".
Perante a "necessidade de financiamento", a direcção entendeu que "seria sensato levar aos associados um amplo leque de opções, para que possam ter uma palavra na medida a ser tomada", acrescentou.
Segundo Paulo Lopes, o Ateneu tem vindo a proceder ao "esvaziamento" do seu espólio para enfrentar dívidas, tendo "nos últimos quatro anos vendido 300 mil euros em património", o que é "complicado" uma vez que a instituição "também existe como guardião da História".