Felipe garante “empenho” em servir Espanha, “uma comunidade social e política, unida e diversa”

Príncipe das Astúrias faz o primeiro discurso desde a abdicação do seu pai ao lado da mulher, Letizia, numa cerimónia em Navarra.

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Felipe e Letizia na entrega de prémio em Navarra Vincent West /Reuters

Felipe disse que “é evidente que o dia de hoje tem um significado especial”, por ser o primeiro em que discursa numa cerimónia pública desde a abdicação do seu pai, o rei Juan Carlos, na segunda-feira. Assim, “as circunstâncias levam a que as minhas primeiras palavras depois do anúncio de Sua Majestade tenham lugar nesta querida terra navarra”, no mosteiro de Leyre, na entrega do prémio Príncipe de Viana ao historiador capuchinho Tarsicio de Azcona, acompanhado pela sua mulher, Letizia.

“Permitir-me-ão que reitere o meu empenho e a minha convicção de dedicar todas as minhas forças, com esperança e entusiasmo, à apaixonante tarefa de continuar a servir os espanhóis, a nossa querida Espanha, uma nação, uma comunidade social e política, unida e diversa, que tem as suas raízes numa História milenar”, disse o príncipe, que deverá herdar a coroa e a chefia do Estado no dia 18.

“Em períodos de dificuldades como o que atravessamos”, continuou Felipe, “a experiência de tempos passados ensina-nos que só unindo os nossos esforços, pondo o bem comum antes dos interesses particulares e dando impulso à iniciativa, à investigação e à criatividade de cada pessoa, conseguiremos avançar para cenários melhores”. Disse ainda: “É esse ânimo que todos — responsáveis institucionais, agentes sociais e económicos, entidades e cidadãos — devemos ter para enfrentar o futuro com determinação e aumentar o campo de esperança que se abre à nossa frente.”

O facto de o primeiro discurso público do príncipe após a abdicação de Juan Carlos ser numa cerimónia já programada mostra “a normalidade em que está a decorrer a passagem da regência”, diz o diário ABC. Felipe já tinha estado numa cerimónia no dia anterior acompanhado pelo pai, mas nesta ocasião nenhum dos dois discursou.

Também a sublinhar a normalidade do processo, a rainha Sofia esteve na terça-feira em Nova Iorque, na sede das Nações Unidas, como parte de uma campanha para conseguir para Espanha um lugar rotativo no Conselho de Segurança da ONU, que ficará disponível entre 2015 e 2016 e que Madrid disputa com a Turquia e a Nova Zelândia.

No entanto, quebrando o protocolo, aceitou responder a algumas perguntas de jornalistas, dizendo que está “totalmente tranquila” e que “não há qualquer problema com a mudança”.

Os jornalistas quiseram ainda saber o que recomenda a rainha à sua sucessora, Letizia. Sofia respondeu: “Que continue igual ao que é. É muito competente, encantadora, gosto muito dela.”

Juan Carlos abdicou na segunda-feira para abrir caminho a uma nova geração e a um “futuro melhor”. Entre as alterações da sucessão estão a saída das irmãs de Felipe, Cristina e Elena, da família real. Cristina está, com o seu marido, Iñaki Urdangarin, no centro de um escândalo de corrupção (o chamado caso Nóos), e desde então já tinha sido excluída de funções de representação oficial.

O orçamento dado pelo Governo à Casa Real, que em 2014 foi de 7,7 milhões de euros (2,2% menos do que 2013), será também redistribuído (Felipe ganhava até agora metade do salário do pai; Juan Carlos atribuiu pela primeira vez no início do ano um salário à rainha e à princesa herdeira, para além das despesas de representação).
 
No plano da discussão partidária, o partido Convergência e União (CiU), da Catalunha, decidiu abster-se na votação da lei orgânica da sucessão, diz o diário El País. A lei deverá contar com o apoio de 85% dos deputados do Parlamento, com uma maioria indiscutível PP-PSOE.

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