Fortalecido com crescimento “histórico” da CDU, PCP apresenta moção de censura ao Governo
Jerónimo de Sousa encosta PS ao muro: Seguro tem que mostrar se gosta do que vê do lado da direita ou se prefere o lado da verdadeira oposição.
“A dimensão da derrota de PSD e CDS-PP - a mais baixa votação de sempre obtida por estes partidos -, não deixa margem para outra leitura que não seja a de uma clara censura do povo português, de uma inequívoca afirmação nacional de exigência de demissão do actual Governo e da dissolução da Assembleia da República”, justificou Jerónimo de Sousa, falando no Centro Vitória, na Avenida da Liberdade.
“Não há mão protectora de Cavaco Silva que dê legitimidade e credibilidade política a este Governo”, avisou ainda o líder do PCP, que defendeu que “por maior que seja a sua cumplicidade com o rumo de desastre nacional, este resultado não deixa ao Presidente outra decisão que não seja a de convocação de eleições antecipadas”.
E espera o apoio do PS? Jerónimo considera importante ter toda a oposição unida. Mas do partido que comemorou a vitória a poucos metros de distância, o comunista espera pouco. O sentido de voto socialista “é um problema que é mais do PS do que do PCP e da CDU. A nossa moção de censura é ao Governo e à sua política. Se o PS tiver algum problema em identificar-se com essa política…” E lembrou depois que o PS se identificou o suficiente para assinar o memorando e o tratado orçamental, mas reforçou que “não é uma moção contra o PS; é uma moção contra este Governo e contra a política de direita”.
Jerónimo desvalorizou a declaração de Passos que disse que a legislatura é para levar até ao fim. “É natural, ele está determinado, como um autêntico kamikase, em prosseguir a sua obra de destruição”, ironizou o líder comunista.
O palco do discurso da vitória ficou apenas para Jerónimo de Sousa. João Ferreira, o cabeça de lista da CDU, falara quando ainda só havia projecções para se regozijar com os números que davam a eleição certa do terceiro eurodeputado e para assinalar a “pesadíssima derrota eleitoral” de PSD e CDS e da sua “acção governativa”.
Mas lembrou também que o “conjunto da troika” - PSD, CDS e PS – teve a votação mais baixa de sempre. Comentando a abstenção, Ângelo Alves, da Comissão Política do Comité Central do PCP, disse que a alta taxa é o reflexo de um “país desesperançado” e do “descrédito do sistema político” e traduz o “distanciamento cada vez maior de uma União Europeia cada vez mais contrária aos interesses das populações e dos próprios países”.