Apostas na raspadinha quase duplicaram em dois anos
Receitas brutas da raspadinha dispararam para 153 milhões de euros no primeiro trimestre.
Entre Janeiro e Março, a raspadinha gerou apostas no valor de 153 milhões de euros, contra os 63 milhões dos outros jogos (excluindo o Euromilhões). Para se ter uma ideia do fenómeno deste jogo social explorado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), entre o primeiro trimestre de 2012 e o mesmo período deste ano as receitas obtidas com a raspadinha quase duplicaram (mais 93%). E, apesar do ritmo ter abrandado, ainda subiu 10,6% face ao ano passado, acima da média. Este jogo vale agora 34% das receitas totais, ficando o Totoloto (campeão de vendas até ao início dos anos 2000) num distante terceiro lugar, com 33 milhões de euros.
Ao todo, e muito devido à adesão dos portugueses à raspadinha, e aos eventuais prémios do “super pé-de-meia “ e “pé-de-meia”, as receitas brutas mantiveram uma trajectória ascendente, mesmo tendo em conta que 2013 e 2012 foram os melhores anos de sempre para a SCML em termos de encaixe com os jogos sociais. Nos primeiros três meses, as receitas brutas globais (ou seja, o valor das apostas registadas, sem contabilizar prémios pagos e custos) chegaram aos 454 milhões de euros, mais 6% do que idêntico período de 2013.
O principal jogo ainda é o Euromilhões, que, só por si, vale 52% do bolo total, sendo responsável por 238 milhões de euros (mais 5,4%). Ao contrário do que sucedera no primeiro trimestre do ano passado, houve também um crescimento do Totoloto e da Lotaria Clássica: 0,13% (para 33 milhões) e 3,8% (para 10,7 milhões), respectivamente.
A dependência da SCML dos dois maiores jogos sociais está bem patente no seu peso sobre o total: juntos, o Euromilhões e a raspadinha (de seu nome oficial Lotaria Instantânea) valem 86% dos 454 milhões arrecadados até Março. Já a maior queda foi protagonizada pelo Joker, que tombou 8%, equivalente a quase menos um milhão de euros. Quanto ao Totobola, este mantém-se como o jogo social com menor expressão, não obstante o fascínio do país pelo futebol: gerou apenas 2,8 milhões de euros, menos 2,5% face ao primeiro trimestre do ano passado.
Por parte da SCML, há a convicção de que se está a chegar a um patamar onde será difícil continuar a crescer sem novos jogos. Por isso mesmo, tem estado a preparar o lançamento de uma nova aposta desportiva, à cota, com destaque para o futebol, e onde será possível, por exemplo, tentar acertar quantos golos são marcados.
Contactada pelo PÚBLICO sobre este novo jogo, a SCML afirmou apenas que está “ainda está em decisão pelo Governo, no quadro da reformulação do actual modelo de jogo a dinheiro”. Depois de uma primeira tentativa falhada, o executivo está a preparar as bases legislativas para a exploração do jogo online, estimando-se que esteja tudo pronto para ser aplicado no terreno em 2015. No Documento de Estratégia Orçamental para 2014-2018, o Governo pretende arrecadar, no ano que vem, quinze milhões de euros por via da alteração ao actual modelo de exploração de jogo.
Para já, os cofres do Estado continuam a receber o imposto extraordinário sobre o valor dos prémios superiores a cinco mil euros. Nos primeiros três meses, os apostadores afectados viram os seus prémios cortados em 5,4 milhões de euros, que deram entrada nos cofres das Finanças. No mesmo período de 2013, este valor tinha chegado aos 18,9 milhões, o que mostra uma queda nos grandes prémios ganhos pelos apostadores em Portugal.