Os "sem-sem"

O facto de haver uma designação semioficial para os jovens que não estudam, não trabalham nem estão em formação, os “nem-nem”, mostra desde logo a diferença: um grupo é catalogado e analisado para ajudar a resolver o problema; o outro está na sombra dos números do desemprego, a ferida que mais marca estes três anos e que vai demorar a sarar, ficando o país com uma cicatriz para as próximas décadas. E se os jovens são o futuro, quem tem mais de 45 anos não pode ser apenas o passado.

O primeiro passo é analisar os dados disponíveis, e verificar quem são as pessoas que estão por trás dos números. Os últimos dados do INE mostram que a taxa de desemprego afecta 261,8 mil pessoas que têm entre 45 e 64 anos e que há ainda 840 mil inactivos neste grupo etário. E, ao todo, existem 307,1 mil pessoas à procura de emprego há mais de 25 meses (desemprego de muito longa duração), sendo fácil de estimar que este número é composto, em grande parte, por quem está nesta faixa etária.

Um problema é o facto de a crise ter afectado sectores que não voltarão aos mesmos níveis de emprego. É crucial uma estratégia de reconversão e aproveitar este potencial humano, mas para isso é preciso mudar a forma de actuar do IEFP, que deve e pode fazer melhor. É que se a dos mais jovens corre o risco de ser uma geração perdida, esta não pode ser uma geração esquecida, afundada na depressão.

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