Barómetro web IPRI-UNL/PÚBLICO: outra atitude nas eleições europeias
Análise da notoriedade dos candidatos.
A segunda, mais preocupante, é a tensão entre europeístas e eurocépticos e a afirmação dos populismos antieuropeus, alimentados pelo défice democrático das instituições europeias e, sobretudo, pela desilusão face à resposta europeia à crise e à divisão entre Norte e Sul da Europa. Dito de outro modo, perante a crise de confiança e a crise de coesão da União Europeia.
Portugal segue essas dinâmicas, mas revela especificidades. É certo que a disputa se trava entre as duas maiores forças políticas, mas, felizmente, os populismos antieuropeus são, politicamente, inexistentes.
Este barómetro permite-nos algumas linhas de leitura dessas dinâmicas. Primeiro, a diferença de notoriedade entre as duas candidaturas mais fortes: PS (49%) e AP (29%). Embora com menor diferença, esses valores são congruentes com os dos dois cabeças de lista, F. Assis (44%) e P. Rangel (36%). Assis tem menos notoriedade que o PS enquanto Rangel tem mais que a AP. Tendência inversa acontece com as outras duas candidaturas: a CDU regista 14% e o BE 6%, enquanto nos cabeças de lista J. Ferreira regista menos (8%) que M. Matias (11%). Isto é, Ferreira tem menos notoriedade que a CDU enquanto Matias tem mais que o BE.
Segundo, a relação entre as candidaturas e os partidos. É claro que na notoriedade das candidaturas a distância entre o PS e a AP é muito expressiva (20%). O mesmo não acontece com os partidos, em que o somatório da notoriedade do PSD e CDS (43,7%) não está longe dos (44,5%) do PS. Poderá isto significar que a coligação não favorece os seus partidos?
Terceiro, a opinião dos portugueses sobre a União Europeia. Retirada a opinião neutra, elevada porque advém dos sites noticiosos, é crescente a opinião negativa (17%) e decrescente a positiva (11%). Esta tendência é aliás congruente com o que revelam os Eurobarómetros e a explicação não deixa dúvidas: é a resposta europeia à crise e o impacto violento em Portugal.
Eleições europeias são eleições de segunda ordem, dizem os politólogos. Porque verdadeiramente, não está em causa quem governa. E isso determina um comportamento diferente dos eleitores: participam menos e aproveitam para punir, sem consequências, a política dos seus governos. Em boa verdade, não se discute a Europa, julgam-se os governos. É uma espécie de segunda divisão das eleições nacionais.
Foi assim até 2009. Mas talvez, agora, seja diferente. Primeiro, porque pela primeira vez, a composição política Parlamento Europeu determinará a eleição do futuro Presidente da Comissão. Segundo, porque a crise trouxe a política europeia para o centro da política nacional e, sobretudo, das vidas dos cidadãos. Nós sabemo-lo bem em Portugal. E é por isso que vale a pena outra atitude a 25 de Maio.