Polícia de Lugansk abandonou esquadra e deixou as suas armas aos pró-russos

Administração regional, gabinete do procurador e instalações da televisão foram também ocupadas. É a segunda capital provincial sob controlo dos separatistas.

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Início da ocupação da administração regional de Luhansk Vasily Fedosenko/Reuters

"As armas vão passar para o controlo da polícia do povo de Lugansk. Vamos colocar estas armas em segurança", gritou um homem a um altifalante, depois de os polícias terem abandonado a esquadra. Muitos eram jovens, quase adolescentes, e visivelmente assustados, relatou à AFP um dos homens armados que participou no cerco à esquadra.

Antes, já tinham disparado sobre as instalações da polícia - com armas automáticas e até granadas, relata a Reuters. Mas o Presidente interino da Ucrânia fez uma declaração em que denunciou a “inacção” e “traição” das forças da ordem. Oleksander Turchinov considerou a maior parte da polícia no Leste do país incapaz de cumprir o seu dever e exigiu a demissão dos comandos de Lugansk e Donetsk.

Um assessor do Ministério do Interior ucraniano, citado pela Reuters, tinha já afirmado, após a ocupação do edifício da administração regional de Lugansk ter sido ocupado, que "a liderança regional não controla a sua força policial”. “A polícia local não fez nada”, acrescentou.

Até agora, em Lugansk, que é uma capital provincial, tinham apenas sido ocupados, no início de Abril, os serviços de segurança locais. A cidade tem mais de 450 mil habitantes. Controlando Lugansk e Donetsk, os pró-russos conseguem ter o domínio de grande parte da região do Donbass - a área adjacente à Rússia, onde existem minas e siderurgias que, apesar de desactualizadas, representam ainda um terço da produção industrial ucraniana.

Um repórter da AFP contou que o assalto à administração regional ocorreu depois de cerca de duas dezenas de jovens armados com barras de ferro terem  partido uma janela para poderem  entrar, enquanto uma multidão esperava. No edifício foi içada a bandeira russa, no lugar da ucraniana.

“Tomámos o controlo do edifício para evitar roubos”, disse Alexei Kariakin, activista pró-russo citado pela agência.

Durante a tarde, a situação teve importantes desenvolvimentos: segundo as agências noticiosas, cerca de um milhar de separatistas apoidos por meia centena de homens fortemente armados tomaram o o gabinete do procurador regional e as instalações da televisão. Foi também atacada a sede local da polícia, contra as qual foram disparados tiros de armas automáticas. Os agentes responderam com gás lacrimogéneo e granadas de efeito atordoante.

Mais de uma dezena de cidades do Leste da Ucrânia e boa parte dos respectivos edifícios públicos estão ocupados por separatistas que reclamam referendos sobre o futuro das suas regiões e um sistema de governo federal na Ucrânia.

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