Em comunicado, o Villarreal lamentou e repudiou “profundamente” o incidente. “Graças às forças de segurança e à inestimável colaboração dos exemplares adeptos amarillos, o clube já conseguiu identificar o autor e decidiu retirar-lhe o bilhete de época e vedar-lhe o acesso ao estádio El Madrigal para sempre”.
“Somos todos iguais, somos todos macacos. Racismo não!”, escreveu Neymar, companheiro de equipa de Dani Alves, na rede social Instagram – juntamente com uma fotografia de si próprio com o filho, cada um a segurar uma banana: Neymar um fruto, o filho um peluche.
Thaíssa Carvalho, a namorada de Dani Alves, também publicou uma foto no Instagram: “Eu e a minha família”, podia ler-se como legenda a uma imagem onde se vê quase duas dezenas de pessoas com bananas. “Admirável como sempre! Orgulho! Porém é muito triste ver que nos dias de hoje isso ainda acontece”, acrescentou a actriz brasileira.
Nas redes sociais sucedem-se fotos semelhantes, de pessoas com bananas, numa manifestação de solidariedade para com Dani Alves e de repúdio ao racismo. “Uma banana para o racismo! Infelizmente, esse não é um problema que se restringe apenas a Espanha. É um mal que mancha o desporto e a sociedade em geral em todo o mundo. Essa banana, que quase foi desperdiçada, poderia amenizar a fome de alguma criança na África ou em qualquer outro canto do mundo – inclusive no Brasil”, escreveu o avançado internacional brasileiro Fred. “O meu aplauso para o seu talento e sensibilidade. Preconceito é para os fracos, sem fé, sem alegria”, escreveu Ivete Sangalo.
Três dos companheiros de Dani Alves na selecção brasileira que actuam no Chelsea também se associaram ao defesa do Barcelona: “O racismo tem que acabar!”, reivindicaram David Luiz, Oscar e Willian.
A própria Presidente Dilma Rousseff manifestou-se sobre o incidente, através do Twitter: “O jogador Dani Alves deu uma resposta ousada e forte ao racismo no desporto. Diante de uma atitude que infelizmente tem-se tornado comum nos estádios, Dani Alves teve atitude”, podia ler-se. “Em seu apoio, Neymar lançou a campanha #somostodosmacacos para mostrar que temos todos a mesma origem e que nada nos difere, a não ser nossa tolerância com o outro”, acrescentou a Presidente brasileira, concluindo com um apelo contra o racismo no Mundial 2014, organizado pelo Brasil: “Vamos mostrar que a nossa força, no futebol e na vida, vem da nossa diversidade étnica e dela nos orgulhamos”.
O primeiro-ministro italiano Matteo Renzi e o seleccionador da squadra azzurra Cesare Prandelli também se associaram à campanha, dividindo uma banana. Em Itália o problema do racismo no futebol também se faz sentir: há um ano os jogadores do AC Milan abandonaram o relvado durante um jogo particular, em protesto contra os cânticos racistas entoados por alguns elementos do público. E Mario Balotelli também foi visado por insultos quando se estreou pela selecção italiana, com alguns sectores de adeptos mais radicais a defenderem que não existem italianos negros.
O internacional italiano também se associou à campanha #somostodosmacacos, ao publicar no Instagram uma foto a comer uma banana.
Para além da atitude em si, Dani Alves também desvalorizou o gesto racista no final do encontro: “Há que lidar assim com isto. Não vamos mudar, já levo 11 anos disto em Espanha e é preciso rirmo-nos destes atrasados”, vincou o internacional brasileiro. O Barcelona manifestou “apoio total e solidariedade” a Dani Alves.
O incidente com Dani Alves surge dois meses depois de outro que visou Tinga, médio do Cruzeiro que representou o Sporting entre 2003 e 2005. O futebolista foi alvo de actos racistas por parte dos adeptos peruanos do Real Garcilaso, numa partida da Taça dos Libertadores, em Fevereiro. “Eu queria não ganhar todos os títulos da minha carreira e ganhar o título contra o preconceito, contra esses actos racistas. Trocaria por um mundo com igualdade entre todas as raças e classes”, disse Tinga na altura.