Biden diz que é tempo de a Rússia "parar de falar e começar a agir"
Vice-presidente norte-americano volta a erguer a ameaça de novas sanções contra a Rússia, dando seguimento ao pingue-pongue de acusações entre os dois países.Kiev vai relançar “operação antiterrorista” no Leste da Ucrânia
“Nos últimos dias ouvimos muitas coisas dos dirigentes russos. Mas agora é tempo de a Rússia parar de falar e começar a agir”, afirmou Biden, 24 horas depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, ter dito que o tiroteio de domingo nos arredores da cidade de Slaviansk – que a Rússia atribuiu a “extremistas” ucranianos e do qual resultaram pelo menos três mortos – provou que Kiev não está a cumprir a promessa de desarmar os grupos armados que o apoiam.
Mostrando que o pingue-pongue está para durar, o vice-Presidente americano aproveitou o final do encontro com o primeiro-ministro interino ucraniano, Arseni Iatseniuk, para avisar que é tempo de Moscovo “retirar as tropas” que tem vindo a concentrar junto à fronteira e “deixar de apoiar aqueles que se escondem atrás de máscaras”, numa referência às milícias pró-russas que tomaram edifícios em pelo menos nove cidades do Leste.
“Já deixámos claro que mais gestos provocatórios por parte da Rússia vão ter custos e conduzir a um maior isolamento”, avisou Biden, o mais alto dirigente americano a visitar Kiev desde que a oposição pró-europeia assumiu o poder, em Fevereiro.
Os EUA dizem ter prontas mais sanções para o caso do Kremlin não exercer a prometida pressão sobre as milícias pró-russas para que desarmem e abandonem os edifícios ocupados, embora reservem medidas mais drásticas (incluindo contra o sector energético) para a eventualidade de o Exército russo atravessar a fronteira ucraniana. Mas o Kremlin mostra-se pouco impressionado: num discurso ao Parlamento, o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, afirmou que as sanções são “um caminho sem saída” e que se os ocidentais insistirem nele a Rússia “não terá outra escolha que não seja usar as suas próprias forças”. “E vamos ganhar.”
Aproveitando o apoio e a presença de Biden, Iatseniuk acusou a Rússia de ter forças especiais a operar no Leste do país com o objectivo de “perturbar as eleições presidenciais” e exigiu “a retirada do Exército russo da Crimeia”, península anexada por Moscovo em Março.
Mas as forças pró-russas mostram-se ainda mais surdas ao que diz Kiev. Exemplo disso, uma “assembleia popular” em Lugansk, aprovou segunda-feira a realização de um referendo à autodeterminação da região a 11 de Maio, seguindo o exemplo de Donetsk, a maior cidade do Leste há já três semanas activistas pró-russos ocupam os principais edifícios governamentais.
Pela manhã, num encontro com deputados, Biden garantiu que Washington se mantém firme ao lado de Kiev face às “ameaças humilhantes” com que se depara e anunciou uma ajuda de 50 milhões de dólares (que se junta aos mil milhões já prometidos) para apoiar as reformas políticas no país, dos quais 11 milhões para a organização das eleições presidenciais de 25 de Maio. Mas o vice-Presidente deixou também claro que os novos líderes têm de combater “o cancro da corrupção”.