António Costa: país precisa de "entendimentos" mesmo com alternância governativa
"É importante para o país que haja dinâmicas de alternativa e de formulação de políticas alternativas, mas há entendimentos que devemos ter comuns sobre um conjunto de matérias", defendeu António Costa, em Cortes, Leiria, apontando a estratégia para o país se restabelecer da crise como a "primeira matéria em que era essencial restabelecer-se um consenso".
Num jantar-conferência da Liga de Amigos da Casa-Museu João Soares, o socialista sublinhou a necessidade de um "entendimento sólido sobre a melhoria da qualidade das instituições", de que destacou a justiça, o território e a "acalmia e pacificação" em torno da Segurança Social, do Serviço Nacional de Saúde ou da escola pública.
Para António Costa, o "grau de consensualização é absolutamente essencial", porque "há um conjunto de políticas que requerem estabilidade e estabilidade". "Não quer dizer necessariamente a manutenção dos governos que estão por sucessivas legislaturas, mas significa que a estabilidade requer que as políticas tenham uma certa continuidade que permitam que a cumulatividade das medidas produzidas por sucessivas legislaturas e por sucessivos governos vá contribuindo para apontar no mesmo sentido", notou.
A este propósito, considerou que "foi muito importante para o país, durante anos", ter um "grande consenso" sobre o processo de integração europeia, o relacionamento com as ex-colónias ou o investimento na educação.
Perante cerca de 300 pessoas, António Costa acrescentou que a crise revelou algo de "muito importante", a existência de "uma base social e política de apoio a uma nova visão do país como há muito tempo" não havia.
"Não é só no manifesto sobre a dívida, o chamado Manifesto dos 74", referiu o presidente da Câmara de Lisboa, para notar: "Basta ouvir hoje na sociedade portuguesa da esquerda à direita grandes consensos entre pessoas a quem seria impensável aqui há uns anos poderem estar a defender posições semelhantes."
Segundo António Costa, há "também entre os parceiros sociais hoje mais pontos de convergência". "E é absolutamente fundamental termos uma liderança política que seja capaz de polarizar e dar sentido político a essa convergência que hoje existe."
"Isso é fundamental que se faça e é essa é uma das grandes falhas que nós temos hoje neste momento em Portugal, é a dificuldade e a incapacidade que os agentes políticos têm em conseguirem polarizar essa margem ampla que se construiu na sociedade portuguesa e a que tem que se dar um sentido positivo", observou.