Instalações de Siza Vieira e Souto Moura para a Royal Academy estão à venda

Exposição Sensing Spaces encerra domingo, quando as peças chegarão ao mercado

Fotogaleria
A peça de Álvaro Siza Royal Academy
Fotogaleria
A peça de Souto de Moura Royal Academy

"Estão à venda instalações inteiras ou pequenas recordações. A angariação de fundos pretende possibilitar exposições como estas, mas também para dar uma nova vida às peças", disse a programadora, Kate Goodwin, à agência Lusa.

Do catálogo fazem parte desde cópias de um filme de apresentação dos sete arquitectos a bancos ou degraus em madeira, sacos de pedras, molhos ou paredes de paus de avelaneira, grades em ferro e outras peças, com preços que variam entre as dez libras (12 euros) e as 3.500 libras (4.233 euros).

São ainda oferecidas "experiências", que incluem uma visita privada à exposição durante uma hora, por 450 libras (544 euros), a doação de grandes espelhos a uma escola de dança, por cinco mil libras (6.047 euros), ou um jantar com Yvonne Farrell, do atelier Grafton Architects, e a própria Kate Goodwin.

As únicas peças cujo preço é apenas comunicado aos potenciais interessados são aquelas criadas pelos dois portugueses: Siza Vieira idealizou três colunas de cimento, inspiradas no edifício do museu, as quais foram instaladas à entrada, no átrio exterior, e pintadas de amarelo. Souto Moura criou duas cópias em cimento de ombreiras de portas das salas de exposições, uma em arco e outra quadrada, e colocou-as junto aos originais, mas a um ângulo de 45 graus. Cada uma das ombreiras pesa mais de uma tonelada.

Além dos dois arquitectos portuenses, participaram Diébédo Francis Kéré (Burkina Faso), Li Xiaodong (China), Pezo von Ellrichshausen (Chile), Grafton Architects (Irlanda) e Kengo Kuma (Japão).

A exposição pretendeu contrariar a concepção de outras exposições de arte ou arquitectura como puramente visuais e proporcionar uma experiência em que as pessoas são estimuladas a explorar os espaços físicos e a interagir. Li Xiaodong criou um labirinto com paredes feitas de paus de avelaneira, por onde as pessoas caminham até chegar a uma "piscina" de pedras, enquanto Diébédo Francis Kéré colocou um túnel de placas de plástico onde as pessoas são incentivadas a inserir palhas coloridas. O ateliê Pezo von Ellrichshausen fez construir uma enorme estrutura de madeira, que permite aos visitantes "subir" até ao tecto da sala, com mais de dez metros de altura, seja através de rampas ou de escadas em caracol.

"A exposição ultrapassou as expectativas, vi muitas pessoas a sorrir, a reagir, a comentar, a demorar no olhar. Vi que as pessoas retiraram algo, independentemente das gerações", disse a programadora à Lusa.

Embora o plano, no início, fosse colocar Siza Vieira e Souto Moura a trabalhar juntos num projecto para a exposição, o resultado foi diferente, revelou. "Ambos têm uma sensibilidade aguda para a arquitectura e para os lugares. Eles mostraram uma nova forma de olhar para estas galerias, criaram uma nova forma de ler um local já existente através de um conhecimento da história".