Hospitais cortaram um quarto dos exames e análises em dois anos

Entre 2010 e 2012, houve uma queda nos actos complementares de diagnóstico em hospitais públicos e uma subida nos privados.

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Urgências nos hospitais diminuíram, mas não o suficiente
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Um estado de desgaste extremo que afecta de forma significativa a relação médico-doente (empatia) Nuno Ferreira Santos

Antecipando o Dia Mundial da Saúde, que se celebra segunda-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) traça esta sexta-feira uma espécie de retrato da década entre 2002 e 2012 neste sector, um retrato que prova que os hospitais privados conquistaram terreno e ganharam dimensão durante este período.

Entre 2002 e 2010, o número de actos complementares de diagnóstico cresceu continuadamente nos hospitais públicos, mas a partir de 2010 baixou substancialmente (menos 44 milhões de exames e análises). No mesmo período em que se regista a quebra no sector público, nos hospitais privados – que em 2012 asseguravam já 7,9% do total das análises e exames (contra apenas 1,1% em 2002), indicam os dados do INE – esta actividade aumentou substancialmente com a realização de mais um milhão de actos em 2010 para 9,6 milhões em 2012. 

Em 2012, nos 214 hospitais que existem no país (110 dos quais são públicos) realizaram-se 122 milhões de actos complementares de diagnóstico e 22 milhões de actos complementares de terapêutica.

Também o número de atendimentos em urgência cresceu substancialmente nos privados – praticamente duplicou numa década, passando de 460 mil, em 2002, para 800 mil, em 2012. Mesmo assim, o sector público ainda foi responsável por 88% das urgências em 2012.

Ao longo desta década, os hospitais públicos perderam cerca de três mil camas, enquanto os privados passaram a dispor de mais 1400 camas. Também as grandes e médias cirurgias, depois de terem crescido até 2010, diminuíram em 2011 e 2012 no sector público, refere o INE.

As boas notícias são as de que aumentaram as consultas médicas externas (16,5 milhões em 2012), um acréscimo de 69% numa década, e há mais dez mil médicos (a partir de 2010 as médicas ultrapassaram os médicos) e 23 mil enfermeiros. Na mortalidade, já se sabia que se morre cada vez menos devido a doenças cardiovasculares (a redução é de 21% em dez anos), mas aumentaram os óbitos por tumores malignos (mais 14,1% entre 2002 e 2012).

Também a esperança de vida continua a crescer, mas a má notícia para os portugueses é a de que, apesar de viverem mais tempo, vivem menos tempo com saúde do que os cidadãos de outros países da União Europeia. As mulheres são as mais penalizadas: em 2011, uma portuguesa podia esperar viver sem limitações de longa duração até aos 58,6 anos,em média, enquanto nos homens os “anos de vida saudável” se prolongavam até aos 60,7.

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