Rússia lembra as bombas contra a Sérvia para atacar a hipocrisia do Ocidente
Campanha da NATO para travar a "limpeza étnica" no Kosovo começou há 15 anos.
A televisão estatal e os jornais do regime utilizaram o aniversário do início dos bombardeamentos contra o regime de Belgrado para descrever o Ocidente como hipócrita ao argumentar que a Crimeia não tem o direito a separar-se da Ucrânia, quando a NATO usou a força para ajudar o Kosovo a separar-se da Sérvia de Slobodan Milosevic.
Um programa especial na televisão estatal chamado “A tragédia sérvia: 15 anos” sublinhou a mensagem russa de que os Estados Unidos e a NATO são os culpados por redesenhar as fronteiras globais ao encorajarem o separatismo e quebrarem as leis internacionais.
“O resultado da agressão da NATO foi o colapso final da Jugoslávia e a declaração unilateral de independência do Kosovo com os aplausos de Washington e da maioria das capitais europeias”, escreve o jornal governamental Rossiiskaya Gazeta. “Não é possível deixar de sublinhar a hipocrisia dos políticos ocidentais que agora acusam a Rússia – à qual a Crimeia se juntou como resultado de um referendo popular e praticamente sem nenhum tiro disparado – de estar a violar a lei internacional.”
A Sérvia, um país com relações históricas com a Rússia, perdeu o controlo da província do Kosovo quando a NATO lançou raides aéreos para travar a campanha sérvia de “limpeza étnica” naquela província de maioria albanesa.
A campanha militar da Aliança Atlântica, que durou 78 dias, é usada em Moscovo como um exemplo daquilo que o Presidente Vladimir Putin diz ser o uso frequente de força mortífera por parte dos Estados Unidos sob o pretexto da defesa dos direitos humanos.
Os líderes ocidentais rejeitam comparações entre a Crimeia e o Kosovo, argumentando que os países da NATO não tentaram anexar Kosovo e não tinham interesses naquela província a não ser o de proteger as populações.
A extensa cobertura do aniversário dos bombardeamentos contra a Sérvia surge na sequência de semanas de violentas críticas ao Ocidente e aos novos líderes da Ucrânia nos órgãos de comunicação estatais russos que falam de “uma ameaça neofascista” contra as populações russas.
“Agora que o milagre da Crimeia aconteceu e os russos se uniram… o Ocidente está outra vez a chorar lágrimas de crocodilo e a tentar convencer-nos que é um protector dos direitos e uma fonte de humanismo”, disse Alexander Prokhanov, um escritor nacionalista e comentador político, numa declaração ao canal estatal Rossiya-2. “Não acreditem.”