Câmara do Porto deita abaixo fábrica que funcionava como sala de chuto

Autarquia diz que no conjunto de edifícios existe “amianto em grande quantidade e em estado de degradação avançado”.

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Antes da demolição, a PSP certificou-se que não havia pessoas no local nFactos/Fernando Veludo
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A operação foi sendo preparada nos últimos dois meses. Na sexta-feira, a Polícia Municipal colocou uma fita em torno do conjunto de edifícios que há mais de dez anos perderam a função de unidades industriais e avisou quem ali estava que, a partir daquele momento, mais ninguém podia lá dormir.

Os toxicodependentes que pernoitavam na velha fábrica, junto ao Bairro Dr. Nuno Pinheiro Torres, mais conhecido por PT, foram sendo abordados por técnicos sociais no sentido de serem realojados quanto antes em albergues ou pensões. Catorze pessoas dormiam habitualmente naquele espaço - cinco foram realojadas (uma no centro de acolhimento temporário Casa da Vila Nova, as outras quatro em pensões). 

Na madrugada desta segunda-feira, a polícia municipal fez uma busca ao terreno – murado, com 130 metros de comprimento por 95 de largura – e encontrou três pessoas lá dentro. Por volta das 6h30, entrou uma brigada cinotécnica da PSP investida da missão de garantir total ausência de vida humana. Às 7h55, começaram os trabalhos de demolição no maior edifício do complexo, em forma de L, virado para a rua da Pasteleira.

Esta era uma imagem que o novo presidente da Câmara, Rui Moreira, queria erradicar. Nisto, lembra o antecessor, Rui Rio.

Rui Rio, quando foi eleito pela primeira vez, quis erradicar o Bairro de São João de Deus, na zona Oriental da cidade. Com a demolição dessa “boca” de droga, intensificou-se o consumo e o tráfico nos bairros do Cerco do Porto e do Aleixo. Quando a autarquia quis demolir o Aleixo, o PT ganhou protagonismo.

A fábrica é uma encruzilhada de consumidores e consumidores-traficantes que se abastecem no PT, no Aleixo e na Pasteleira Nova. A autarquia afirma que o lugar tem “placas de amianto em grande quantidade e em estado de degradação avançada”. O amianto está “espalhado” e é usado para preparar doses e para fazer fogueiras para aquecer quem ali se juntava.

Resolver esta situação foi uma promessa eleitoral. Rui Moreira decidiu avançar com a demolição quando esteve na freguesia, já como edil, em Novembro de 2013. Um edital foi emitido, fazendo um ultimato aos proprietários: tinham 45 dias para fazer alguma coisa. Quinta-feira, segundo a autarquia, terminou o prazo que lhes fora concedido. Os trabalhos que agora começaram deverão arrastar-se ao longo de toda a semana.

A operação foi preparada com secretismo para evitar que os proprietários interpusessem uma providência cautelar.  Na sexta-feira, uma advogada tentou marcar uma reunião em seu nome. Como já tinha tomado posse administrativa do terreno, a autarquia protelou o encontro.

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