Peso do turismo na economia do país está muito acima da média mundial
Estudo do Conselho Mundial de Viagens e Turismo mostra que, em Portugal, o contributo do sector para o PIB é de 5,8% e de 7,2% para o emprego directo, enquanto a nível mundial, a média é de 2,9% e de 3,4%
No emprego directo, o contributo do turismo é de 7,2% sobre o total, acima dos 3,1% que se registam em média nos países europeus e dos 3,4% em termos globais. Já nas exportações, medidas através dos gastos dos visitantes (incluindo as despesas com transportes), o contributo é de 19,6% face ao total do comércio internacional. Uma percentagem superior à que se verifica na Europa (5,3%) e no mundo (5,4%).
O estudo do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês) revela ainda que a relevância deste sector para o investimento é quase três vezes superior aos contributos médios registados no mundo: 12,5% em Portugal, contra 4,6% na Europa e 4,4% em termos globais.
“O contributo do turismo para o PIB, para as exportações, para o investimento e para a criação de emprego é de tal forma relevante que não hesito em dizer que é um dos principais sectores, senão, o principal da nossa economia”, diz Adolfo Mesquita Nunes, secretário de Estado do Turismo, lamentando que a “relevância mediática” seja “desproporcionalmente inferior ao seu peso na economia”.
O papel do sector na recuperação do país já foi sublinhado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no relatório da décima avaliação ao programa português. Mas a instituição liderada por Christine Lagarde também avisou que este bom desempenho está muito dependente da conjuntura dos países de origem dos turistas. França, Reino Unido e Espanha são visitantes assíduos e com maior peso, mas o FMI lembra que, no caso de França, o aumento de turistas pode estar relacionado com a queda de viagens para os países do Magrebe.
Num ano de receitas recorde (9249,6 milhões de euros em 2013), França consolidou o seu estatuto de maior contribuinte para os proveitos do sector: estes turistas gastaram 1668,5 milhões de euros no ano passado, mais 8,6% em comparação com 2013, segundo dados recentes do Banco de Portugal (BdP). Os números do BdP também denotam a importância do sector para as exportações de serviços: representa 45% do total das vendas internacionais destas actividades.
Previsões optimistas para 2014
Depois de, em 2013, o contributo do turismo e das viagens para o PIB nacional ter atingido 9.500 milhões de euros, representando 5,8% de toda a economia, segundo os cálculos do WTTC, as previsões para este ano são de um crescimento de 3,6%, com as receitas turísticas a alcançarem 9.800 milhões de euros. Este indicador reflecte a actividade económica gerada por indústrias como a hotelaria, agências de viagens, transportadoras aéreas e outros serviços de transportes, receitas da restauração ou actividades de lazer (como museus) e abrange gastos de turistas residentes e não residentes.
O peso do turismo na economia sobe para 25.600 milhões de euros se forem incluídos neste cálculo todos os investimentos nacionais feitos pelo sector, os gastos do Governo (com a promoção, por exemplo), os serviços indirectos de limpeza e segurança das unidades hoteleiras e ainda as despesas feitas pelas empresas que lidam directamente com turistas (como é o caso dos bens alimentares). O WTTC estima que o contributo total aumente 1,8% para 26.000 milhões de euros este ano. Mas, numa previsão a longo prazo, o crescimento não é significativo: mais 1,4% até 2024, no valor total de 29.800 milhões de euros ou 16,2% do PIB.
Pelas contas desta organização internacional, a indústria é responsável por 322 mil postos de trabalho directos, cerca de 7,2% do total do emprego em Portugal. Este ano, haverá um aumento de 4,5% para 336.500 trabalhadores, antevê o WTTC. Em 2024, a indústria vai absorver 368 mil empregos directos, mais 0,9%. Considerando os efeitos indirectos, em 2013 o sector gerou 818.500 postos de trabalho.
O WTTC estima que o turismo e as viagens tenham atraído um investimento global de 2.800 milhões de euros no ano passado, valor que deverá cair cerca de 1,7% este ano e crescer 0,9% nos próximos dez. Em causa estão não apenas a construção de novas unidades hoteleiras, como também novos transportes, restaurantes ou eventos de animação turística. O peso para o investimento total deverá crescer de 12,4% para 13% em 2024.
Ainda é cedo para perceber como será 2014. Os operadores falam de uma “conjuntura favorável” e prudência é a palavra-chave (ver texto ao lado). Os primeiros dados do ano do Instituto Nacional de Estatística sobre o número de dormidas trazem algum alento ao sector. Em Janeiro, dormiram nos hotéis nacionais 702,5 mil turistas, mais 10,9% em comparação com o mesmo mês do ano passado.