Câmara de Matosinhos quer criar parque industrial na Novinco após remoção do amianto

Espaço foi comprado por construtor civil que está no Brasil. Autarquia está disponível para trocar terreno por outros com capacidade para construção de imóveis.

O interesse foi revelado um dia depois de o presidente do Sindicato da Construção  de Portugal (SCP), Albano Ribeiro, ter visitado a fábrica abandonada e demonstrado preocupações “com milhares de metros quadrados com toneladas de amianto a céu aberto”.

“No Plano Director Municipal (PDM), [aquele terreno] está marcado como espaço industrial. Estou disponível para propor à câmara que permute aquele terreno por outros terrenos que são propriedade da câmara. Isto, para que a autarquia possa fazer ali um loteamento industrial e manter aquilo como zona industrial”, disse esta quinta-feira em conferência de imprensa, o presidente da CMM, Guilherme Pinto.

O terreno foi comprado recentemente por um investidor cujo nome o autarca não revelou, adiantando, porém, que se o novo proprietário estiver mais interessado em terrenos com capacidade construtiva para a edificação de imóveis, então “isso será uma questão de negociação”. Guilherme Pinto sublinhou mesmo que já diligenciou em “mandar esse recado” ao representante do proprietário.

O novo dono, aliás, é um construtor civil que está de momento no Brasil, disse ao PÚBLICO, Conceição Lopes, a advogada da empresa que irá efectuar a remoção das placas de fibrocimento.

De acordo com o edil, o novo dono está a fazer “todos os esforços em remover todas as peças” de fibrocimento e proceder à limpeza total através de múltiplos contactos com empresas especializadas. Guilherme Pinto, ao contrário do SCP, garante porém que não há ali qualquer perigo para a saúde pública.

“Não há qualquer problema de saúde pública. Estamos a monitorizar a situação”, salientou o autarca referindo que dá um “prazo” para que a limpeza seja feita, sem, porém, adiantar qual é o prazo.

“Espero que seja o mais rápido possível. O prazo a dar não está muito definido. Isto não é um problema da autarquia. A autarquia interessou-se pelo problema, não pelo amianto mas porque é muito complicado ter um espaço daquela natureza vazio, como infelizmente acontece noutros locais do concelho com antigas unidades fabris que foram à falência e que deixaram espaços que são cicatrizes complicadas no espaço urbano”, disse o edil.

Ao PÚBLICO, porém, a advogada da empresa que está em vias de fechar contrato para efectuar a remoção das placas de fibrocimento, Conceição Lopes, assumiu que no interior do complexo “existem toneladas que placas” que “representam algum risco para a saúde pública”, nomeadamente “se forem partidas, uma vez que nesse caso libertarão partículas”.

A advogada, que é também deputada na assembleia municipal eleita pela lista de Guilherme Pinto, adiantou que o “contrato com a empresa” ainda não está fechado “mas está em vias de ficar fechado” e que “estava previsto que a remoção começasse já esta semana”, o que não sucedeu. “Será para breve”, assinalou.

Conceição Lopes, que preferiu não revelar o nome da empresa especializada em remoção de placas de fibrocimento nem o nome do novo proprietário dos terrenos, adiantou apenas que o mesmo “é construtor civil e está neste momento no Brasil”. A jurista, que garantiu estar “dentro de todo o processo”, disse ainda que não há qualquer uso ainda previsto para aqueles terrenos.

A unidade fabril produziu amianto para todo o país durante várias décadas e está actualmente abandonada depois de ter encerrado em 2009.

Sugerir correcção
Comentar