Ucrânia acusa Rússia de provocar tiroteio que matou duas pessoas em Kharkov na véspera do referendo

Dois homens de 20 e 31 anos foram mortos a tiro ao final da noite de sexta-feira durante confrontos entre manifestantes pró-Rússia e nacionalistas ucranianos.

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Manifestação pró-Russa, há dias, em Kharkov Reuters

Na véspera do referendo da Crimeia, o ministro do Interior ucraniano disse que a polícia deteve cerca de 30 pessoas envolvidas em ambos os lados do conflito depois de dois homens, de 20 e 31 anos, terem sido mortos ao final da noite de sexta-feira quando manifestantes pró-Rússia lutaram com rivais perto de um gabinete de um grupo nacionalista ucraniano. Ambos os grupos usaram armas de fogo, disse o ministro Arsen Avakov. Moscovo, cujas tropas ocuparam a península ucraniana da Crimeia sob o fundamento de que a maioria de cidadãos de origem russa ali residente teme as novas autoridades de Kiev, a capital ucraniana, disse estar preparada para intervir para proteger os russófonos noutros locais da Ucrânia.

Um dia depois de confrontos fatais entre manifestantes rivais em Donetsk, outra cidade maioritariamente de falantes de russo, Avakov e o governador de Kharkov acusaram os activistas russos de fomentarem a violência e apelaram aos cidadãos para que não ripostassem. “Os incidentes desta noite foram uma provocação bem planeada por activistas pró-russos”, disse o governador Ihor Baluta. Segundo Baluta, um grupo de pessoas numa carrinha tinham provocado deliberadamente uma disputa com um grupo que mantinha uma manifestação pró-russa antes de se afastarem do local. Os activistas pró-russos seguiram-nos e encontraram a carrinha estacionada junto a um edifício onde ficam gabinetes de grupos nacionalistas ucranianos e os confrontos começaram.

“Provocadores a contrato de um país vizinho estão a criar provocações profissionais”, disse Avakov, que acusou aliados do Presidente deposto Viktor Ianukovich, apoiado por Moscovo, de financiar a instabilidade no Leste da Ucrânia com o auxílio de “forças extremistas russas”. No Facebook, lançou um apelo aos ucranianos: “Não os deixem manipular-vos. Parem esta histeria… isto não é um jogo de soldados de brincar – este é um conflito real e são vidas reais”.

Em Moscovo, um alto responsável do Ministério dos Negócios Estrangeiros encarregue de questões de direitos humanos, Konstantin Dolgov, escreveu no Twitter que a instabilidade em Kharkov, provocada por pessoas que descreveu como “militantes neo-fascistas” tem de ser acompanhada com maior atenção para “neutralizar e punir os extremistas descontrolados”.

O Ocidente, que prepara sanções económicas contra a Rússia na sequência do referendo convocado para domingo na Crimeia, para preparar uma anexação da península, tem afastado o retrato que a Rússia faz das novas autoridades de Kiev - fortemente influenciadas por nacionalistas ucranianos de extrema-direita que detêm alguns dos postos de poder. 

Há duas semanas, uma manifestação em Kharkov causou dezenas de feridos quando grupos de russos étnicos entraram em confrontos com simpatizantes dos novos governantes.