Brahimi irrita a Síria ao criticar planos para realização de eleições presidenciais

Parlamento aprovou lei que exclui candidaturas de que não reside há pelo menos dez anos no país

Uma acusação feita no mesmo dia em que o Parlamento sírio aprovou por unanimidade a nova lei eleitoral que, na prática, autoriza apenas a candidatura de membros da oposição sancionada pelo regime.  

O diploma resulta da Constituição de 2012, aprovada em referendo já a Síria estava em guerra, e que aboliu a supremacia do Baas, instituindo o “pluralismo político”. Mas se pela primeira vez há a possibilidade de o chefe de Estado ser escolhido entre vários candidatos, as regras agora aprovadas limitam o leque de escolha, ao determinar que só pode apresentar-se a eleições quem tiver “residência permanente na Síria há pelo menos dez anos”, o que excluiu todos os dirigente da Coligação Nacional síria, que agrega os opositores no exílio.

O Presidente Bashar al-Assad, eleito pela primeira vez em 2000 após a morte do pai, Hafez al-Assad, não oficializou a sua candidatura a um terceiro mandato. Mas ainda em Janeiro, em entrevista à AFP, dizia haver “fortes possibilidades” de isso acontecer e têm-se multiplicado sinais de que o regime pôs já a em marcha a sua candidatura – nesta sexta-feira, uma enorme faixa com o retrato de Assad foi hasteada em Homs, antigo bastião dos rebeldes, com a inscrição “Porque és o símbolo da nossa vitória e da nossa resistência, imploramos-te que te candidates à presidência”.

Referindo-se aos preparativos, Brahimi avisou, numa reunião do Conselho de Segurança da ONU, quinta-feira, que “os planos para a realização de eleições nos próximos meses são incompatíveis” com uma negociação política. “Se houver eleições, a minha suspeita é que a oposição – toda a oposição – deixe de querer falar com o governo”, afirmou, recordando que a grande exigência dos rebeldes é o afastamento de Assad.

“As declarações de Brahimi não se enquadram no que é a sua missão. Ele não está autorizado a discutir questões de soberania”, reagiu o ministro da Informação síria, Omran al-Zohbi, acusando o enviado da ONU de “fazer o jogo” da oposição e dos EUA. “A decisão de organizar as presidenciais compete apenas às autoridades sírias.”

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