Desaparecimento de avião da Malaysia Airlines é "mistério sem precedentes"
Dezenas de aviões e navios têm trabalhado “cada hora, cada minuto, cada segundo, a olhar para cada centímetro de mar”. Não há vestígios do aparelho. Satélites norte-americanos nada descobriram. Investigações centraram-se em dois passageiros que viajavam com passaportes falsos, o que não é raro na região.
A área de buscas foi nos últimos dois dias alargada e os meios envolvidos incluem equipas de dez países, 34 aviões e 40 navios que têm trabalhado “cada hora, cada minuto, cada segundo, a olhar para cada centímetro de mar”, explicou Azharuddin Rahman, quando tinham passado mais de 48 horas sobre o desaparecimento dos radares do voo MH370, que fazia a ligação Kuala Lumpur-Pequim.
O alargamento da área de buscas é sinal da perplexidade das autoridades malaias. Depois da expectativa, criada na véspera, de que um destroço avistado por um avião no Mar do Sul da China pudesse pertencer ao aparelho, nada foi encontrado. Um rasto de combustível que poderia indiciar a proximidade do Boeing, tinha afinal sido deixado por um navio. “Infelizmente não encontrámos nada que pareça pertencer ao aparelho”, disse o director da aviação malaia.
Pistas enganadoras
Na ausência de dados concretos, o dia foi marcado por pistas e anúncios que se revelaram enganadores ou não tiveram confirmação – chegou a ser noticiada a possível descoberta de um bote de salvamento e fonte envolvida nas investigações admitiu que o avião se tivesse desintegrado. Foi também posta a hipótese de desvio e despenhamento forçado da aeronave, ou que o piloto tivesse cometido suicídio. “Estamos a estudar todas as possibilidades”, respondeu Azharuddin Rahman, questionado sobre a eventualidade de desvio ou desintegração.
Os Estados Unidos enviaram agentes do FBI, apesar de terem sublinhado não haver indícios de terrorismo. Fonte governamental norte-americana disse também que os seus satélites não encontraram provas de qualquer explosão.
A hipótese terrorista começou a ser explorada depois da descoberta de que dois passageiros viajavam com identidades falsas, usando passaportes europeus, um italiano e um austríaco, roubados na Tailândia há dois anos.
As autoridades da Malásia anunciaram ter identificado um deles, mas não divulgaram o país de origem, afirmando apenas que não era malaio nem tinham traços asiáticos, ao contrário do que inicialmente tinha sido dito.
A agência de viagens tailandesa, através da qual foram vendidos os bilhetes para os passageiros com passaportes falsos, disse que tinham sido comprados através de um intermediário, um iraniano que apenas conhecia como “Mr Ali”, que há muito tem contacto com a agência. E acrescentou ser normal este tipo de intermediação. Segundo o Financial Times, os dois passageiros procuravam voos baratos para a Europa e tinham reservado inicialmente voos separados – um na companhia Qatar e outro na Etihad – mas as reservas expiraram. A agência contactou Ali para saber o que fazer quando a reserva expirou, e voltou a marcar a viagem via China, a opção mais barata.
A rota via Pequim é popular para imigrantes que tentam chegar à Europa com documentos falsos, e Kuala Lumpur é um “centro” deste tipo de actividade, afirmou à Reuters um diplomata europeu na cidade, sob anonimato. Nos voos regionais da zona não é raro o uso de passaportes falsos, na maioria dos casos em situações de imigração ilegal. Cinco outros passageiros tinham feito check in no voo MH370 mas não embarcaram, tendo a sua bagagem sido, como é habitual, retirada do avião.
A China tem pressionado a Malásia para intensificar as buscas – a bordo seguiam 153 chineses. “Esperamos que os malaios compreendam a urgência da China, especialmente dos familiares, e acelerem a investigação e aumentem as buscas”, disse um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros.