Ministro alemão dos Negócios Estrangeiros admite "sanções pessoais" da UE contra dirigentes ucranianos

Preocupação nos meios diplomáticos ocidentais. Rússia acusa políticos e estruturas europeias de fecharem os olhos a "actos agressivos das forças radicais".

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Steinmeir admite que UE repense "contenção em matéria de sanções pessoais" FELIX ABRAHAM/AFP

“Quem é responsável por decisões que conduzem à efusão de sangue no centro de Kiev ou noutra parte da Ucrânia deve esperar que a Europa reconsidere a sua contenção em matéria de sanções pessoais”, declarou Steinmeier. Num comunicado citado pela AFP, o ministro apelou às partes para “evitarem qualquer forma de provocação nesta situação escaldante” e atribuiu às forças de segurança uma “responsabilidade particular”.

A UE já em Janeiro admitiu que a repressão de manifestantes pudesse resultar em “acções” suas e ter “consequências” nas suas relações com a Ucrânia, mas tem excluído o cenário de sanções aos dirigentes ucranianos. Foi o que fizeram no início da semana passada os ministros europeus dos Estrangeiros, embora se tenham declarado prontos a “reagir rapidamente” se a situação o exigisse. Esta terça-feira, o líder do grupo liberal no Parlamento Europeu e ex-primeiro-ministro belga, Guy Verhofstadt, referiu-se à situação em Kiev como “fora do controlo” e pediu à chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, para convocar os ministros para uma reunião de “urgência”.

O comissário encarregado do alargamento, Stefan Fule, disse ter manifestado ao fim da tarde ao primeiro-ministro interino, Serguei Arbpouzov, preocupação por “ver a polícia especial com kalachnikovs” no centro de Kiev. “Assegurou-me que o seu governo e ele próprio fariam o máximo para que as armas fiquem silenciosas”, disse, citado pela AFP. “Para o bem dos ucranianos e para o bem do país, rezo para que esteja a dizer a verdade.”

União Europeia, Nações Unidas, NATO, Estados Unidos, França todos manifestaram a preocupação e condenação pelo  “uso indiscriminado da força” – expressão do ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de Paris, Laurent Fabius, que apelou à “contenção e à retoma do diálogo”.

Ashton exprimiu a “forte preocupação” da UE pela “inquietante escalada” da violência e pelas notícias de mortes e exortou as autoridades de Kiev a “atacarem as raízes da crise” e a avançarem sem demora com um “governo alargado”, uma reforma constitucional e preparativos para uma eleição presidencial transparente e democrática.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, manifestou-se “muito preocupado” e apelou à “retoma de um diálogo verdadeiro”. O da NATO, Anders Fogh Rasmussen, usou a mesma expressão de "preocupação" e apelou aos intervenientes na crise ucraniana para se “absterem de toda a violência”.

O governo dos Estados Unidos manifestou-se “consternado pela violência e apelou ao Presidente Viktor Ianukovich a “pôr fim aos confrontos” e a retomar o diálogo com a oposição. “Continuamos a condenar a violência de rua e o uso excessivo da força dos dois lados”, disse à AFP Lucas Magnusson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, o gabinete de política externa do Presidente Barack Obama. O uso da força “não resolverá a crise”, acrescentou. Um pouco mais tarde, quase palavra por palavra, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, citado pela Reuters, repetiu o comentário.  

Da Rússia, após o anúncio de mortes, até à noite desta terça-feira, havia apenas uma declaração do líder da comissão de negócios estrangeiros da Duma, a câmara baixa do Parlamento. Alexei Puchkov, do partido Rússia Unida, no poder, disse que a Ucrânia está à beira da “guerra civil” e responsabilizou os países ocidentais pelo agravamento da situação. “Penso que na Ucrânia se desenrola um cenário ‘laranja’ de tomada do poder pelo caos e pelo arbitrário”, disse, segundo a AFP, numa alusão à “Revolução Laranja” que em 2004 colocou pró-ocidentais no poder em Kiev.

Um comunicado divulgado horas antes pelo ministério russo dos Negócios Estrangeiros e citado pelas agências, referiu-se à violência em Kiev como consequência “directa da política de complacência dos políticos ocidentais e das estruturas europeias” que “fecham os olhos aos actos agressivos das forças radicais na Ucrânia, encorajando, de facto, a escalada e as provocações ao poder legal”.

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