Londres avisa que uma Escócia independente ficará sem a libra
Ministro das Finanças diz que "não há razão legal para o resto do Reino Unido ter de partilhar a sua moeda". Alex Salmond acusa Londres de intimidar eleitores.
Num discurso em Edimburgo, o dirigente conservador opôs-se frontalmente ao primeiro-ministro escocês, o nacionalista Alex Salmond, que, no manifesto apresentado em Novembro, defendeu a manutenção de uma união monetária com Londres. "As pessoas têm que saber que isso não vai acontecer", disse Osborne.
"Penso que qualquer outro ministro das Finanças teria o mesmo ponto de vista", acrescentou o ministro, numa posição que foi secundada quer pelo secretário de Estado do Tesouro, o liberal-democrata Danny Alexander, quer pelo porta-voz dos trabalhistas para as Finanças, Ed Balls.
Esta é a tomada de posição mais clara do Governo britânico sobre uma eventual união monetária com uma Escócia independente. E ainda que o assunto tenha de ser decidido no âmbito das negociações que se seguirão a uma eventual vitória do "sim", Londres quer mostrar qual é a sua posição de partida.
"Não há qualquer razão legal para o resto do Reino Unido ter de partilhar a sua moeda com a Escócia", assegurou Osborne, que apresentou em simultâneo uma análise do Ministério das Finanças ao impacto da cisão escocesa e aos riscos de uma união monetária que, segundo Westminster, teria de ser muito mais forte e restritiva do que a da zona euro. "Quando os nacionalistas [escoceses] dizem que 'a libra é tanto nossa como do resto do Reino Unido', o que estão realmente a dizer é que uma Escócia independente pode exigir aos contribuintes do país que decidiram abandonar que continuem a apoiar a moeda de uma nação estrangeira".
Na resposta ao discurso, o segundo em menos de uma semana de membros do Governo sobre o referendo, Alex Salmond voltou a acusar Westminster de "intimidar" os eleitores. "Os seus esforços para reclamar a propriedade da libra vão fazer ricochete de forma espectacular na reacção do povo escocês, que sabe que a libra é tanto deles como de George Osborne", afirmou o chefe do governo autónomo, assegurando que Londres irá optar por um discurso diferente se o "sim" à independência ganhar.
As últimas sondagens mostram uma tendência de subida dos eleitores favoráveis ao fim da união com Londres, ainda assim em minoria – a última atribuiu ao "sim" 34% das intenções de voto contra 52% decididos a votar "não". Uma progressão que levou, na última sexta-feira, o primeiro-ministro britânico a lançar um apelo a todos os britânicos para que se empenhem na campanha – apenas as pessoas que residem na Escócia podem votar, mas David Cameron diz que ingleses, galeses e irlandeses "têm uma palavra a dizer".