Dilma Rousseff endurece o discurso contra a oposição

Presidente candidata ao segundo mandato critica aqueles que usam o pessimismo como estratégia política: "Não acreditam no Brasil."

Foto
Dilma Rousseff optimista na festa de aniversário do PT REUTERS/Nacho Doce

As sondagens atribuem o favoritismo eleitoral a Dilma Rousseff, que segundo os últimos números da Datafolha (num inquérito de Novembro) está destacada na frente da corrida presidencial, com 47% das intenções de voto dos brasileiros. A manter-se a tendência, a Presidente, que só será oficialmente confirmada como candidata na convenção do PT marcada para Junho, poderá garantir a reeleição sem a realização de uma segunda volta.

Mas a avaliar pelo tom combativo do discurso de mais de meia hora que Dilma ofereceu aos militantes petistas na segunda-feira à noite em São Paulo, esse cenário não é dado como garantido na sede do partido – o mergulho da taxa de popularidade da Presidente na sequência dos protestos de rua do Verão passado deixou a cúpula do PT bem mais cautelosa. “Eu não tenho expectativa, acho que vai ser uma eleição muito dura, dificílima”, desabafou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, à BBC Brasil.

Sem nomear os seus concorrentes directos – o senador de Minas Gerais Aécio Neves, putativo cabeça de lista do PSDB, e o governador pernambucano Eduardo Campos, do PSB, que poderá candidatar-se em coligação com a ecologista Marina Silva como vice –, Dilma atacou duramente o “pessimismo” e o “oportunismo” da oposição. “Negar os avanços” do país e “teimar em não enxergar o novo Brasil que estamos construindo”, atirou, é “uma mentira” e “uma agressão ao bom senso e à auto-estima dos brasileiros”.

A Presidente distinguiu entre os “cara de pau que dizem que nós demos o que tínhamos de dar” e os “pessimistas que aproveitam alguns desequilíbrios de uma conjuntura internacional muito difícil para dizer que o fim do mundo chegou”. Rejeitando as críticas que têm sido dirigidas à sua política económica, Dilma Rousseff insistiu que a situação macroeconómica do Brasil é “sólida”, e reforçou que durante o seu mandato o país “controlou a inflação, equilibrou as contas públicas e reduziu a dívida líquida do sector público dos 42% em 2009 para os 34% do PIB em 2013”.

Repetindo a mensagem enviada pelo seu antecessor Lula da Silva para a festa – “Ninguém fez mais pelo Brasil do que o Partido dos Trabalhadores”, disse num testemunho a partir de Nova Iorque –, a Presidente lembrou que os que criticam as suas políticas são os mesmos que previram “uma debandada gigantesca de empresários que sairiam correndo” com a chegada do partido ao poder, e avisou que “aqueles que usam o pessimismo como estratégia política não acreditam no país”.

Pelo contrário, a mensagem que Dilma pretende oferecer ao eleitorado é de sucesso e optimismo, apesar do desgaste e dos escândalos que afectam a credibilidade do partido. “Ninguém cobra mais de mim do que eu mesma, ninguém questiona mais o meu Governo do que eu própria”, observou, acrescentando que “é claro que é preciso fazer mais”.

No núcleo duro que apoia a Presidente, a grande preocupação em termos do desenvolvimento da campanha diz respeito a “eventualidades que estão fora do alcance ou da responsabilidade do Governo” ou “actos mais negativos do que se estimava”, como descrevia um “habitante do Planalto” ao jornal Folha de São Paulo: protestos de rua, apagões eléctricos ou maior instabilidade nos mercados financeiros internacionais.
 

Sugerir correcção
Comentar