Documentos mostram preocupação com pouca adesão dos alunos à praxe na Lusófona

Duas das vítimas enviaram mensagens escritas onde revelavam estar cansadas do novo dux.

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Enric Vives-Rubio (arquivo)

Os documentos, noticiados pela TVI, mostram um relatório feito por Andreia Revez, uma das seis vítimas, em que a aluna dizia, em Maio de 2013, que “bestas, pastranos, doutores e veteranos” (designação dada aos alunos consoante o número de matrículas que tenham) estão cada vez menos disponíveis para colaborar nas actividades.

Num outro relatório também de Maio, Joana Barroso, outra das estudantes levada pelo mar na Praia do Meco, escreve que “as doutoras não exercem um dos deveres que lhes compete, ou seja, praxar”. E acrescenta: “Quanto aos pastranos, estão muito abaixo do que lhes é exigido. Existem pessoas com falta de carácter que tentam romper com tudo o que foi feito até hoje”. Há ainda mais um documento de alguém com o nome de código “Fox” que diz que “os pastranos não percebem o motivo pelo qual são praxados e queixam-se sempre que o são”.

Já 15 dias antes do fim-de-semana do acidente do Meco, em Dezembro, há um novo relatório de Joana Barroso feito para o novo dux, João Gouveia, o único sobrevivente. “Está a ser-nos exigido mais rigor em relação a nós próprios e foram estabelecidos a curto prazo para a resolução dos problemas que temos tido. Contudo, este mês, ainda existiu alguma falta de rigor da parte de nós pois não entregámos determinados documentos na data prevista”, diz o documento mostrado pela TVI.

O teor do relatório vai, aliás, em linha com duas mensagens escritas enviadas por Joana e por Carina Sanchez, onde uma se diz “revoltada” e a outra “cansada” do novo dux.

As informações surgem numa altura em que João Gouveia já prestou declarações na Polícia Judiciária, mantendo a versão inicial de que a morte dos seis alunos foi um acidente em nada relacionado com praxes, tendo os estudantes sido surpreendidos por uma onda por estarem perto da rebentação.

Por seu lado, duas amigas de Joana Barroso quebraram o silêncio e mostraram à TVI mensagens escritas que trocaram com a vítima e onde se fala de um fim-de-semana de praxes. As duas raparigas disseram também estranhar a forma como os bens das seis vítimas terão sido prontamente separados por João Gouveia e o seu cunhado, sendo disponibilizados na Lusófona já identificados com o nome de cada um, acrescentando que não compreendem como é que dentro da mochila de Joana estavam os óculos, já que via mal ao longe e andava sempre com eles.

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