CERN pondera construção de novo acelerador circular de partículas
O futuro acelerador poderá ser um anel, ao contrário da ideia até agora mais aceite, que previa que o próximo grande colisionador seria rectilíneo.
O Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN), perto de Genebra, está a estudar a construção de um anel subterrâneo de 80 a 100 quilómetros de perímetro, entre a França e a Suíça, destinado à aceleração de partículas a níveis de energia sem precedentes, anunciou o CERN em comunicado.
Um estudo de viabilidade, com uma duração prevista de cinco anos, deverá ser lançado para a semana, quando uma centena de investigadores de todo o mundo se reunirem na Universidade de Genebra, na Suíça.
A futura máquina deverá substituir o actual acelerador de partículas – o LHC, onde no Verão de 2012 foi detectado o célebre bosão de Higgs –, cuja circunferência mede 27 quilómetros.
A concretizar-se este projecto, o futuro mega-acelerador poderá atingir uma energia de 100 TeV (Tera-electrão-volts, unidade de medida de energia). A título comparativo, os físicos esperam atingir os 14 TeV com o LHC quando este voltar a funcionar, em 2015, após uma paragem técnica (em curso) de dois anos.
Este estudo será feito em paralelo com outro, iniciado há vários anos, acerca da hipótese concorrente de se construir um acelerador linear (rectilíneo) compacto, baseado numa nova tecnologia de aceleração das partículas.
O objectivo é avaliar cada uma destas máquinas e o seu custo, finalizando o seu desenho teórico a tempo para a próxima actualização de estratégia nesta matéria, que deverá acontecer em 2018-2019, de acordo com o CERN.
"Ainda sabemos muito pouca coisa sobre o bosão de Higgs e a nossa procura da matéria escura [que constitui cerca de 85% da matéria total do Universo] e da supersimetria [uma potencial nova teoria da física subatómica] continua”, diz Sergio Bertolucci, director do departamento de investigação e de cálculo científico do CERN, citado no mesmo comunicado. “Só os próximos resultados do LHC [previsto para funcionar até 2030] poderão dar pistas sobre o tipo de pesquisas a prosseguir no futuro e sobre o acelerador mais adequado para responder às novas perguntas que se irão colocar em breve".
“Precisamos de semear hoje as tecnologias de amanhã, de forma a estarmos em condições de tomar decisões daqui a uns anos”, acrescenta Frédérick Bordry, director do departamento de tecnologia do CERN.