Livre: vitória PSD/CDS nas europeias seria "profundo fracasso" da esquerda
Novo partido pede convergência da esquerda e critica "alvoroço" pela conquista de lugares no Parlamento Europeu.
O novo partido, cujo rosto mais mediático é o do actual eurodeputado Rui Tavares, ainda não está formalmente constituído e remeteu para o início desta semana a entrega de cerca de 8500 assinaturas no Tribunal Constitucional (são necessárias 7500). "O Livre fará parte das próximas escolhas europeias, quer participe ou não nas eleições”, pode ler-se nos documentos do partido, que equaciona a possibilidade de não estar legalizado a tempo do sufrágio.
Na moção estratégica, que servirá de base ao programa do partido para as europeias e que será discutida este sábado à tarde pelos cerca de 250 congressistas - entre membros e apoiantes -, os promotores defendem que esta é a primeira oportunidade que os portugueses têm para se pronunciarem sobre a crise europeia. Depois de três anos de programa da troika, entendem que “é agora a hora de decidir por uma União Europeia progressista ou conservadora, pró-austeridade ou anti austeridade, democrática ou tecnocrática”. Mas, mais uma vez, “a direita vai junta” e a “esquerda dividida”.
O Livre alerta para "uma possível vitória da coligação PSD/CDS", concluindo que significaria uma “desmoralização” dos cidadãos que se revêem na oposição às políticas do Governo e um “profundo fracasso” da resposta que a esquerda consegue dar.
"Em Portugal a catástrofe anunciada seria um governo dominado ou com a participação do PSD e do CDS, na União Europeia a catástrofe anunciada tem por emblema a continuação do Partido Popular Europeu, de direita, à frente dos destinos da maioria das instituições europeias", pode ler-se no documento.
Apesar da tentativa falhada de uma convergência à esquerda, patrocinada pelo 3D e que incluiria o Livre, o BE e a Renovação Comunista, o Livre acredita que podem ser construídas "pontes" no futuro. E que é importante "assinalar que a convergência foi tentada e não tanto participar num jogo de culpas porque não foi bem-sucedida”.
“É preciso dizer que a esquerda poderia ir junta a estas eleições europeias, uma vez que a direita, com diferenças de política europeia talvez igualmente profundas, também o faz”, dizem. Mas enquanto a esquerda tarda a agir, fica o aviso de que "surgem líderes com tendências autoritárias que mudam constituições a seu bel-prazer ou tentam limitar o papel dos seus tribunais constitucionais”.
O Livre critica o “alvoroço” dos partidos patente na discussão de nomes para liderar candidaturas. E, por outro lado, a total ausência de um programa legislativo para o Parlamento Europeu. A conclusão é que “os partidos existentes não disseram até hoje uma palavra sobre o programa legislativo que desejam levar para o Parlamento Europeu” e estão apenas “obcecados” com o número de eurodeputados que serão capazes de eleger.
“A partir daí e durante cinco anos, os cidadãos estarão uma vez mais entregues à sua sorte”, lê-se no documento.