Santana acusa Marcelo de fazer tudo para derrubar o Governo

Pedro Santana Lopes diz que Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa andam sempre à guerra com os governos do seu partido e considera isso um "fenómeno estranho" e um "problema de consciência".

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Pedro Santana Lopes Adriano Miranda

Pode ler-se na página de facebook de Santana Lopes: “E quanto a Marcelo? Não é verdade que critica constantemente o Governo de Passos Coelho, fez tudo para deitar abaixo o meu governo, criticou violentamente Durão Barroso - de quem é hoje grande adversário -, nunca foi próximo de Cavaco Silva, criticou muito Francisco Balsemão de quem foi ministro e, com Sá Carneiro, nem vale a pena falar?”

A mensagem, em tom interrogativo, sugere que o professor Marcelo condiciona negativamente a governação do PSD, através das sucessivas críticas feitas no espaço de comentário dominical, agora na TVI.

Esta reacção surge na semana em que  Marcelo Rebelo de Sousa se afastou de uma eventual candidatura presidencial, por  ter considerado que Pedro Passos Coelho o excluiu desse papel, quando o primeiro-ministro apresentou o perfil ideal do próximo Presidente da República (PR).

Na segunda-feira passada, no espaço de comentário no Correio da Manhã TV, Santana defendeu que é importante discutir as funções de um Presidente da República, antes de se começar a discutir nomes de candidatos. E sublinhou que Marcelo “enfiou objectivamente a carapuça”.

“Se ele [Marcelo] considera que se lhe aplica a história do catavento e do mediatismo”, está a presumir que seria um “Presidente interventor”, e não um “Presidente mais parlamentar”, como definiu Passos Coelho. E remata: “Nós já não estamos à espera de presidentes surpresa, tipo ovo de Páscoa”, por isso defende que o centro da questão são as funções do próximo Presidente da República, e não quem será candidato.  

Para o provedor da Santa Casa da Misericórdia, Marcelo não tinha de enfiar a carapuça porque, defende, um Presidente não depende do apoio do partido: “Esse é um erro enorme”, reforçou.

Santana, que admite que não ser candidato, não “enfiou a carapuça”, considera-se, aliás, um “defensor” do partido e não um crítico. Referiu-se ainda a Marcelo e a Marques Mendes como exemplos de dois ex-presidentes do PSD que “andam sempre à guerra com os governos”: “Há aqui um conjunto de pessoas que se especializaram, acham que é fashion e que compensa dizer mal do sector político onde se integram”. Santana considera a situação como um “fenómeno estranho” e um hipotético “problema de consciência”.

Pedro Santana Lopes, que tinha sido nomeado primeiro-ministro em 2004 pelo então presidente da República Jorge Sampaio (na sequência da demissão de Durão Barroso), considerou já na altura que os comentários do professor influenciaram de um modo negativo a sua curta governação. Passados oito meses, o mesmo PR que chamou Santana ao Governo acabaria por dissolver a Assembleia e convocar eleições legislativas.  
 
 
 
 
 
 
 
 

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