Colocação de desempregados inscritos nos centros de emprego aumenta 43,5%

No ano passado, mais de 84.400 desempregados conseguiram trabalho com a ajuda dos centros de emprego. Ofertas colocadas pelas empresas dispararam 49%. Números superam período pré-troika.

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As colocações no último mês do ano ocorreram principalmente nas regiões do Norte, Centro e Lisboa e Vale do Tejo Bárbara Raquel Moreira

Estes resultados inéditos, nota Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), estão relacionados com a melhoria da actividade económica, mas também têm a ver com as regras de acesso aos apoios disponibilizados. É que tanto os desempregados como as empresas, que pretendem beneficiar dos programas de estágios e dos apoios à contratação, têm de se registar nos centros de emprego, ao contrário do que acontecia até 2012.

Estes números ultrapassam os atingidos antes da chegada da troika a Portugal. Em 2010, antes do programa de ajustamento, os centros de emprego receberam um pouco mais de 120 mil ofertas de trabalho e colocaram perto de 69.100 pessoas. Em 2013, passados dois anos de troika, as ofertas aumentaram 8,6% e as colocações 22%.

A análise tem por base a informação mensal do mercado de emprego de Dezembro, divulgada na segunda-feira pelo IEFP, e parte das ofertas de emprego e das colocações ao longo de cada mês. Olhando apenas para os números de Dezembro, verifica-se um aumento significativo dos dois indicadores. Foram disponibilizadas 10.817 ofertas de trabalho, mais 84% do que no ano anterior, e 5961 desempregados foram colocados através dos centros de emprego, mais 79%.

As colocações no último mês do ano ocorreram principalmente nas regiões do Norte, Centro e Lisboa e Vale do Tejo, e em empregos que exigem poucas qualificações. O IEFP nota que as colocações ocorreram principalmente para pessoal de serviços de protecção e segurança, empregados de escritório, operários, trabalhadores não qualificados na área da construção e vendedores, responsáveis por quase 52% do total de colocações. 

Contratos precários
Em Setembro, quando questionado pelo PÚBLICO sobre o tipo de emprego criado, o IEFP notava que os desempregados colocados tinham, na sua maioria, contratos precários. Na altura, mais de 84% tinham contrato a prazo.

A informação mensal de Dezembro revela ainda que o número total de desempregados inscritos nos centros de emprego continua a cair - acentuando uma tendência que teve início em Outubro - embora continue acima dos 690.500. No mesmo período, as novas inscrições voltaram a aumentar, sinal de que a economia continua sem conseguir dar resposta aos problemas do desemprego. O IEFP dá conta de 57.803 novos inscritos, mais 10 mil do que no mesmo mês de 2010 e mais 6,7% do que em 2012. Mas menos do que em Novembro.

O número de novos inscritos é a melhor forma de medir o andamento do mercado de trabalho, uma vez que estes números não têm qualquer intervenção estatística.

Como se explica o aumento dos novos inscritos e a queda do número total de desempregados? Francisco Madelino, ex-presidente do IEFP, avança com várias explicações. A emigração e o aumento do desemprego de longa duração são dois motivos que levam a que o número total de inscritos diminua. Depois, a informação do IEFP dá conta de um aumento de 74% (para perto de 144 mil) do número de desempregados dados como ocupados, por estarem integrados em programas de emprego ou formação profissional, e que não contam para as estatísticas. E finalmente, o facto de a economia estar a conseguir criar “algum emprego”, mesmo que seja através de programas como o Estímulo 2013.

Mas o facto de o número de novos inscritos ter aumentado, nota o ex-responsável, revela que “a destruição de emprego ainda é elevada” e que “continua a haver pressão negativa sobre o mercado de trabalho”.

É que entre os que se registaram em Dezembro, a maioria (56%) caiu no desemprego porque o contrato terminou ou porque foi despedida. E mesmo que haja aqui algum efeito de novas inscrições para aceder aos programas dos estágios, isso nota-se principalmente entre os novos inscritos que se declaram ex-estudantes, mas que representam apenas 8%.

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