Israel presta homenagem a “Arik” Sharon

Funeral do antigo primeiro-ministro realiza-se nesta segunda-feira.

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Sharon foi "um soldado para toda a vida", escreveu um editorialista MENAHEM KAHANA/AFP

O desaparecimento de “Arik” (diminutivo de Ariel), que morreu no sábado aos 85 anos após ter passado oito anos em coma, mergulhou Israel numa atmosfera de luto nacional antes do seu funeral, no rancho da família no Negev, no Sul do país, previsto para esta segunda-feira.

Centenas de pessoas desfilaram frente ao caixão de Sharon, coberto pela bandeira azul e branca com a Estrela de David e acompanhado por uma guarda de honra. Silenciosos e de rostos fechados, algumas rezaram, outros fotografaram o momento histórico.

O Conselho de Ministros semanal, presidido pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, observou um minuto de silêncio em memória de Sharon e, em comunicado, classificou-o como “um dos mais eminentes dirigentes e um dos mais audaciosos comandantes” do país.

Para segunda-feira de manhã está prevista uma cerimónia comemorativa oficial no Knesset, seguida do funeral com honras militares no rancho da família, em Sycomores. Sharon será sepultado ao lado da sua segunda mulher, Lily, tal como era o seu desejo. Os seus dois filhos, Gilad e Omri, bem como o chefe de Estado-Maior-General da Forças Armadas, Benny Gantz, serão responsáveis pelos elogios fúnebres.

O vice-presidente norte-americano, Joe Biden, o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, actual emissário do Quarteto para a Paz (EUA, UE, ONU e Rússia), e o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Frank-Walter Steinmeier, participam na homenagem oficial no Parlamento.

“Generoso e cruel”

Todos os jornais israelitas dedicaram a sua primeira página ao antigo homem forte da direita nacionalista. “Ele foi um génio, às vezes generoso, às vezes cruel”, resumiu o editorialista Shalom Yerushalmi no Maariv. O influente comentador Nahum Barnea sublinhou no Yediot Aharonot que Ariel Sharon “encarnava tudo aquilo que os ‘pais da Nação’ sonhavam ver na geração dos seus filhos nascidos em Israel: era belo, forte, trabalhador da terra e soldado para toda a vida”.

Mesmo à esquerda, o jornal Haaretz, muitas vezes feroz nos seus ataques a Sharon, prestou-lhe homenagem. “Depois do desaparecimento de Sharon, falta a Israel uma liderança política que reconheça os limites da força, mantenha a aliança com os Estados Unidos e dê provas de coragem nos territórios [palestinianos], sem se deixar impressionar com os colonos”.

Campeão da construção de colonatos nos territórios ocupados, Sharon foi também o homem que ordenou a retirada das tropas e de oito mil colonos da Faixa de Gaza, em 2005. E ficará para sempre associado a um dos episódios mais tristes da história do país, os massacres de palestinianos nos campos de Sabra e Chatila, às mãos das milícias falangistas libanesas.

De Gaza a Ramallah, de Jenin aos campos de refugiados do Líbano, os palestinianos celebraram a morte do “criminoso Sharon”, mas também exprimiram a sua desilusão por o general nunca ter sido chamado a responder pelos seus crimes perante a justiça internacional. A organização Human Rights Watch também considerou “lamentável que Sharon seja sepultado sem ter respondido perante a justiça sobre a sua responsabilidade em Sabra e Chatila e sobre outras violações dos direitos humanos”.
 
 
 
 

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