Justiça espanhola proíbe manifestação a favor dos presos da ETA
Governo regional do País Basco denuncia decisão "muito grave" e protesto em Bilbao deverá acontecer apesar da interdição.
A proibição do protesto foi uma decisão “muito grave”, fez saber esta sexta-feira o governo regional do País Basco dominado pelos nacionalistas conservadores do PNV. Esta reacção surgiu depois do juiz da Audiência Nacional de Madrid, Eloy Velasco, ter “proibido” a manifestação por considerar que o grupo de apoio aos prisioneiros Harrira, desmantelado por suspeita de actividade terrorista no dia 30 de Setembro e proibido pela justiça de qualquer actividade durante dois anos, está por trás da organização da manifestação.
No final de Setembro, no decorrer de uma operação policial, foram apreendidos documentos que mostram que “durante o verão de 2013, Herrira foi o inspirador ou o autor de uma dinâmica chamada “Tantaz tanta” (gota a gota), cujo objectivo era a de mobilizar um número cada vez maior de pessoas para as suas manifestações sociais de apoio aos prisioneiros da ETA”, escreve o juiz Velesco na sua decisão.
O magistrado decidiu assim, proibir “as actividades de apoio, exaltação e financiamento a favor dos prisioneiros”, prevista para este sábado em Bilbao.
Os organizadores da mobilização não reagiram publicamente à decisão de Velasco mas o porta-voz do governo regional, Josu Erkoreka, denunciou uma decisão “incompreensível para a sociedade basca”, até porque, “ano após ano, assistimos a manifestações idênticas que se realizaram sem nenhum obstáculo, mesmo no tempo em que a ETA estava activa”.
Na origem da iniciativa desta manifestação está uma rede que foi baptizada “Tantaz tanta” que diz ser uma organização cidadã que apela “a uma mobilização sem precedentes na história do País Basco”, a fim de reclamar “o repatriamento dos prisioneiros e prisioneiras bascos”. Uma reivindicação que também é feita pelos partidos da esquerda independentista basca, segunda força política regional, atrás do PNV.
Uns e outos reclamam ”o fim da dispersão” para centenas de militantes da ETA que cumprem penas em dezenas de prisões espanholas e francesas, uma política praticada há meio século por Madrid.
O governo do Partido Popular não faz concessões à ETA e reclama a sua dissolução sem concessões. Os 520 presos da ETA, grupo responsabilizado pela morte de 829 pessoas em 40 anos de uma campanha violenta pela independência do País Basco, vão continuar onde estão, garante Madrid. A ETA abandonou a luta armada no dia 20 de Outubro de 2011.