O que vão fazer as agências de rating?
Moody's decide esta sexta-feira o rating que dá a Portugal.
Os resultados obtidos por Portugal – e também pela Irlanda e pela Espanha durante esta semana – vieram mostrar de forma clara que os investidores não estão a dar qualquer credibilidade à actual opinião das agências de rating sobre os países periféricos da zona euro. Às avaliações de crédito que ficam abaixo daquilo a que se chama o "investment grade", os mercados respondem com procuras bastante superiores à oferta e com taxas de juro que, em termos históricos (principalmente no caso da Irlanda e da Espanha), são bastante baixas.
Assim, a dúvida adensa-se: o que irão agora fazer as agências? Adaptarem-se à força ao ambiente que se vive nos mercados, tal como já o fizeram no início da crise? Ou persistir na sua avaliação, insistindo que são os mercados que estão errados ao acreditarem de forma tão convicta que estes países vão pagar os empréstimos que agora recebem?
Esta sexta-feira, uma das três maiores agências de rating internacionais começará a dar a resposta relativamente a Portugal. Cumprindo as novas regras de transparência que foram criadas na sequência da crise, a Moody's tem agendada a apresentação de um relatório sobre Portugal.
Esta agência já deu sinais, no passado mês de Novembro, de estar a querer operar uma inversão de rumo no rating português, ao passar a tendência da classificação de Ba3 de "negativa" para "estável". E, em Dezembro, depois da troca de dívida feita por Portugal, classificou a operação como sendo positiva para o rating.
A dúvida é se no relatório que irá agora apresentar irá mais longe, fazendo mesmo subir o rating ou pelo menos passando a tendência de "estável" para positiva. No dia 17 de Janeiro, será a vez de a Standard & Poor's tomar o mesmo tipo de decisão em relação a Portugal.
Para as agências de rating, os factores que têm ditado o rumo das classificações atribuídas aos países periféricos do euro têm sido os indicadores de sustentabilidade da dívida em países com finanças públicas desequilibradas e crescimento negativo e o grau de confiança na capacidade e vontade dos líderes europeus em não deixar cair nenhum membro do euro.
É neste último factor que as agências de rating e os mercados têm divergido de forma acentuada nos últimos meses. Os mercados têm vindo a mostrar, desde a promessa de Mario Draghi de que o BCE faria tudo o que for preciso para salvar o euro, que acreditam que a probabilidade de ocorrer uma nova reestruturação de dívida na zona euro é bastante reduzida. Pelo contrário, as agências de rating temem que um novo default semelhante ao grego possa ocorrer.
No passado recente, as agências de rating mostraram estar sempre um passo atrás dos mercados. No início da crise, a desconfiança em relação a países como Portugal, Espanha e Itália foi muito mais rápida a observar-se na evolução das taxas de juro do que nos ratings. É por isso possível que o mesmo esteja agora a acontecer no sentido inverso, com as taxas a recuarem mais rapidamente que os ratings.
Para Portugal, uma subida do rating poderia ser uma ajuda essencial principalmente na tarefa de alargar a base de investidores, já que alguns deles têm regras próprias que os impedem de investir em activos com classificação "lixo".