Espanha tenta resolver conflito na ampliação do canal do Panamá

Consórcio liderado por grupo espanhol diz estar a suportar sobrecustos do projecto. Autoridades alegam que pagamento da obra está a ser cumprido.

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A obra está a ser executada desde 2009 Carlos Jasso/Reuters

Em causa está a ameaça do consórcio Grupo Unidos pelo Canal (GUPC) de parar as obras a partir de 20 de Janeiro se não vir as suas exigências satisfeitas, alegando que está a suportar 1600 milhões de dólares (cerca de 1170 milhões de euros) de sobrecustos, cerca de metade do valor do projecto, estratégico para o transporte marítimo de mercadorias entre os oceanos Atlântico e Pacífico. O consórcio liderado pela Sacyr Vallehermoso tem ainda como accionistas a italiana Impregilo, a belga Jan de Nul e a panamiana Constructora Urbana.

A ministra espanhola do Fomento, Ana Pastor, está na Cidade do Panamá para um encontro com o Presidente do Panamá, Ricardo Matinelli, que há dias pressionava os governos espanhol e italiano para que assumissem a “responsabilidade moral” para que o consórcio conclua o projecto.

Quando, na semana passada, se reuniu com o embaixador espanhol no Panamá, Ricardo Matinelli dizia que, para ver a obra concluída, iria “até à Cochinchina para lutar pelos interesses do Panamá”. A ampliação do canal “é um dos projectos marítimos mais importantes” do país e, segundo disse, os próprios governos espanhol e italiano estão dispostos a resolver o impasse. Na passagem pela capital do Panamá, Ana Pastor estará ainda com a Autoridade do Canal do Panamá e executivos do consórcio GUPC.

A Autoridade do Canal do Panamá alega que o pagamento da obra está ao corrente do ritmo de construção. Estando culminados cerca de dois terços da ampliação, foram pagos 62% do previsto no contrato inicial. A obra, iniciada em 2009, tem prazo para estar terminada no Verão de 2015.

O jornal espanhol El País recuperou agora a descrição feita pela embaixada dos Estados Unidos no Panamá quando o grupo norte-americano Bechtel perdeu o concurso de ampliação do canal para o consórcio da Sacyr. Segundo informação publicada em 2010, a partir de dados revelados pela WikiLeaks, a embaixada considerava que a oferta do consórcio internacional, 3120 milhões de dólares (2288 milhões de euros, ao câmbio actual), não dava nem para “pôr betão” na obra.
 
 
 

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